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Estudo feito por cientistas dos Estados Unidos sugere ligação entre uso da maconha e maior atividade sexual

Um novo estudo feito por cientistas da Universidade Stanford (Estados Unidos) sugere que o uso frequente de maconha está associado ao aumento da atividade sexual. A pesquisa se baseou na análise de dados sobre mais de 50 mil americanos entre 25 e 45 anos de idade. Segundo o estudo, os usuários de maconha fizeram sexo com uma frequência 20% maior que os não usuários.


Os autores da pesquisa afirmam que a conclusão do estudo foi surpreendente, pois havia na comunidade médica uma suspeita de que o uso frequente da droga pudesse ter efeitos nocivos sobre o desejo ou a performance sexual. Porém, segundo eles, os resultados “são inequívocos” e apontam no sentido contrário.


“O uso frequente de maconha não parece causar danos à motivação ou à performance sexual. Na realidade, está associado a um aumento na frequência do coito”, disse o urologista Micheal Eisenberg, pesquisador sênior da Escola de Medicina da Universidade de Stanford e coordenador do estudo.


O estudo não estabelece uma conexão de causa e efeito entre o uso de maconha e a atividade sexual, de acordo com Eisenberg, mas dá pistas de uma clara correlação. A pesquisa teve seus resultados publicados nesta sexta-feira, 27, na revista científica Journal of Sexual Medicine.


“A tendência geral que detectamos se aplica a pessoas de ambos os sexos, de todas as etnias, faixas etárias, níveis educacionais, faixas de renda e religiões. Aplica-se também a pessoas em todo tipo de estado de saúde, sejam casadas ou solteiras, tendo filhos ou não”, afirmou Eisenberg.


Para determinar o efeito da maconha na frequência do sexo, a equipe de Eisenberg analisou os dados do Levantamento Nacional de Crescimento Familiar, patrocinado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos.


O levantamento, que fornece dados relacionados a estruturas familiares, práticas sexuais e fertilidade, reflete as características demográficas gerais da população americana e é realizado anualmente. Os participantes respondem quantas vezes tiveram intercurso sexual nas últimas quatro semanas e com que frequência fumaram maconha nos últimos 12 meses.


Os cientistas compilaram as respostas a essas questões todos os anos desde 2002, quando a o levantamento começou a coletar dados de homens e mulheres. Eles incluíram na pesquisa dados relativos a pessoas de 25 a 45 anos de idade, excluindo os cerca de 3% de participantes que deixaram de responder alguma questão.


Frequência 20% maior. No total, os pesquisadores conseguiram dados sobre 28.176 mulheres com idade média de 29,9 anos e sobre 22.943 homens com idade média de 29,5 anos. A associação positiva entre a frequência do uso de maconha e a frequência do intercurso sexual foi registrada em 24,5% dos homens e 14,5% das mulheres.


Segundo o estudo, os usuários de maconha fizeram sexo com uma frequência 20% maior que os não usuários. As mulheres que disseram não terem fumado maconha no último ano, por exemplo, disseram ter feito sexo em média 6 vezes, nas quatro semanas anteriores. As que fumaram maconha todos os dias fizeram sexo 7,1 vezes, em média.


Entre os homens, os não-usuários responderam ter feito sexo, em média, 5,6 vezes no mês anterior, enquanto os que fumaram maconha fizeram sexo 6,9 vezes, em média. Eisenberg alerta, porém, que o estudo não deve ser mal interpretado, como se tivesse provado uma relação causal. “Ele (o estudo) não diz que se você fumar mais maconha vai fazer mais sexo”, afirmou.


De acordo com o cientista, entretanto, a tendência ao aumento da frequência sexual entre usuários de maconha permaneceu mesmo quando foi levado em conta o uso de outras drogas, como álcool e cocaína, por meio de uma correção estatística.


“Com isso, mostramos que de a correlação entre maconha e sexo não é apenas reflexo de uma tendência geral de pessoas mais desinibidas, que poderiam ser ao mesmo tempo mais inclinadas ao uso de drogas, e terem maior probabilidade de fazer sexo”, disse Eisenberg.


O estudo mostrou ainda que a frequência do intercurso sexual subia, de forma constante, na mesma proporção em que aumentava a frequência do uso da maconha. Segundo Eisenberg, essa relação com a dose reforça os indícios de um possível papel ativo da maconha no favorecimento da atividade sexual.


Ambíguo. A pesquisa é a primeira a examinar a relação entre uso de maconha e frequência do intercurso sexual com abrangência nacional nos Estados Unidos. “O uso de maconha é muito comum, mas seu uso em larga escala e a associação com a frequência sexual ainda não havia sido objeto de muito estudo científico”, disse Eisenberg.


De acordo com o Instituto Nacional de Abuso de Drogas dos Estados Unidos, mais de 20 milhões de adultos americanos são usuários de maconha. Com a legalização da droga para uso médico e recreativo em 29 estados, esse número está subindo.


Apesar da crescente popularidade como droga recreativa, até agora a relação entre maconha e procriação permanece ambígua, segundo os cientistas. Por um lado, há relatos de disfunção erétil entre usuários pesados da droga, e estudos rigorosos encontraram uma redução na contagem de espermatozoides entre homens que fumam maconha. Por outro lado, experimentos conduzidos com animais e humanos indicam que a droga estimula a atividade em regiões do cérebro envolvidas com a excitação e a atividade sexual.


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