Times da Escola ABC, de Rio Branco, participam pela primeira vez de disputa fora do estado, entre quinta-feira e domingo (15). Projeto reúne adolescentes da capital acreana há três anos
m projeto de futsal iniciado há três anos na Escola ABC, em Rio Branco, vem conquistando resultados positivos dentro de quadra e dando oportunidades para jovens entre 11 e 15 anos. O trabalho realizado pela educadora física Carla Aguiar e pelo marido Maydenson Costa, técnico das equipes, com o apoio da instituição de ensino, leva para Curitiba, capital do Paraná, 25 jovens para a disputa da terceira edição da Uesa Liga de Futsal Interclubes, que será realizada entre a quinta-feira (12) e o domingo (15).
A delegação acreana, sob a supervisão de 16 adultos, embarcou na noite da última sexta-feira, em um ônibus com despesas pagas pela Escola ABC, com destino a capital paranaense. Segundo Carla Aguiar, que é professora de educação física da escola há 11 anos, e preparado física das equipes, a ideia do projeto é levar os jovens para os caminhos do bem e dar uma atenção que muitos, algumas vezes, não têm em casa.
– Essa idade é a mais complicada que tem, já passamos por ela e sabemos que se não tiver um monitoramento, e as vezes têm muitos pais que são ausentes, eles (jovens) são carentes de carinho, de uma atenção diferenciada, e isso que nós tentamos fazer. Pra jogar na equipe ABC não adianta ser só bom de bola, tem que estudar, tem que respeitar os pais, as pessoas, saber se comportar. Tem uma parte que só eles podem fazer e eu cobro mesmo. A diretora da escola cobra de mim e cobro deles. Há cada dois meses tenho que ir na escola deles saber como estão as notas, eles me dão os boletins e levo pra escola – conta.
O projeto foi criado em 2013, após um convite para participar de uma competição sub-12. Como a escola não tem público pra essa faixa etária, a diretoria deu o aval para o sobrinho de Carla Aguiar, João Vitor, que estava sempre acompanhando ela nas aulas, montar uma equipe para participar. Atualmente, João Vitor está nas categorias de base do Paraná Clube.
– A dona da escola pediu para o meu sobrinho, que estava sempre comigo, fazer um time que ela bancava. Ele fez a equipe, nós fomos campeões, e em seguida ele foi embora para o Curitiba, onde está no Paraná Clube. Aí ficamos naquele se ia dispensar o time ou não, mas como ficou um espaço muito grande deixado pelo meu sobrinho, comecei a me apegar e começou a vir as cobranças. Sentei com a dona da escola e ela disse que enquanto eles quiserem nós vamos levar até o dia que der. Assim se passaram três anos – relembra.
Carla afirma que trabalhar no projeto foi uma salvação para o seu casamento, que passou por um período complicado. O marido, Maydenson Costa, assumiu o comando técnico dos times após a ida do ex-treinador, Ayrson Arlan, pai de João Vitor, para Curitiba, onde foi acompanhar o filho, aprovado no Paraná Clube.
– Achávamos que não ia dar certo porque marido e mulher trabalhando junto é um problema. Mas, na verdade, esse projeto salvou nosso casamento. A gente estava numa situação difícil e hoje viramos uma família. A cada dia estamos mais juntos por conta deles, e a nossa troca é fazer por onde eles sempre estejam andando pelo caminho do bem – afirma.
De acordo com a professora, no primeiro semestre deste ano o convite para a competição no Paraná foi feito. Desde então, os garotos treinaram duas vezes por semana para a realização do sonho de jogar fora do estado e quem sabe conseguir chamar a atenção de algum olheiro de uma equipe da região sul.
– O técnico do João Vitor perguntou pro pai dele se aqui em Rio Branco tinha meninos bons de bola que nem o João Vitor. E o pai dele disse que a equipe que o João jogava em Rio Branco, na categoria deles, são uns dos melhores. Aí eles mandaram o convite e estamos vivendo esse sonho.
As equipes estão formadas por 12 atletas no sub-13 e 13 no sub-15. Destes, cinco são jogadores emprestados, sendo três pelo Colégio Acreano e dois pela Escolinha do Metal. A previsão é de que a delegação desembarque nesta segunda-feira (9), na capital paranaense. Os dois times estão emum grupo com outros dois adversários e na primeira fase enfrentam as equipes Prata da Casa e Polivalente.
Treinador destaca: “não vão sair daqui só pra participar”
Maydenson Costa confia no trabalho que vem sendo feito, que nesta temporada já rendeu o título estadual no sub-13 e o vice-campeonato estadual no sub-15, e ressalta que a viagem até o Paraná não será apenas para ser coadjuvante na competição.
– São dois anos de trabalho com eles, bem proveitosos. A gente vem se dedicando muito, temos alguns títulos frutos do trabalho e a esperança é de representar bem nosso estado. Os meninos estão bem focados nesse projeto e temos certeza que não vão fazer feio lá não. Eles não vão sair daqui só pra participar. Estão indo para ser campeões. O que tenho de melhor estou levando – diz.
O treinador comenta sobre a relação com os jovens. Segundo ele, o mais difícil é ter que lidar com tantas personalidades diferentes.
– É complicado, tem uns que é fácil de lidar, mas outros é complicado demais. Chega atrasado em treino, a gente quer corrigir alguma coisa fica de cara feia. Principalmente esses de 13, ficam marrentos, mas levamos na tranquilidade – comenta.
Capitães esperam que todos realizem os sonhos
O fixo Kayan Magalhães, 13 anos, é capitão da equipe sub-13. Ele assumiu a braçadeira nesta temporada e espera que o time possa ter bons resultados na competição para que os jogadores ganhem as oportunidades que buscam.
– Espero que todo mundo se saia bem, conquiste seus sonhos. É uma vitrine para o nosso futsal aqui. Nosso time tem muitas qualidades e acreditamos que a maioria fique lá. É uma responsabilidade muito grande. É o primeiro ano que recebo a braçadeira e estou trabalhando forte para assumir essa responsabilidade.
Escolhido para fazer teste no Coritiba, após participação na fase nacional dos Jogos Escolares, este ano, o capitão do sub-15, Jhonatan Assis, 14 anos, que também atua como fixo, disse que a saudade da família o impediu de permanecer no Coxa. No entanto, garante que se outra chance aparecer, vai agarrar sem qualquer ressentimento.
– Estamos treinando bem forte para chegar lá e não fazer feio. Espero que todos alcancem seus objetivos e possamos sair com a vitória. Todos nós queremos passar em algum time lá e ficar e, se Deus quiser, vai abençoar. Não fiquei (no Coritiba) porque senti muitas saudades, é difícil, mas agora, se me escolherem vou ficar. Todos sabemos das dificuldades que vamos encontrar.