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Com poço em casa, aposentado ajuda família e vizinhos em cidade que está com reservatório seco no interior do AC

Há quase 100 dias não chove na cidade do Bujari. Reservatório do município secou e abastecimento está comprometido

A cidade do Bujari, interior do Acre, passa por uma das maiores crises hídricas de sua história. Mas, apesar da grave situação que afeta os 9.864 habitantes do município, uma atitude de solidariedade ajuda a melhorar a vida de algumas pessoas.


O aposentado Aldecir Bezerra possui um poço artesiano de 4 metros de profundidade e ajuda familiares e vizinhos a encher suas caixas vazias.



Bezerra utiliza com muita economia a água que vem da rua apenas para algumas atividades. Já as necessidades diárias são supridas com o uso do poço artesiano.


Por estar vivendo em uma situação diferente da maioria, o aposentado dá gratuitamente água para quem pede ajuda a ele. Desde que o reservatório da cidade secou, muita gente já foi socorrida pelo aposentado.


“Minha esposa e eu nos sentimos muito felizes em ajudar os outros, principalmente com água. Tem pessoas que vêm buscar com a gente até duas vezes por dia. Alguns vêm com balde de 20 litros e outros com um de 40 litros”, relata o dono do poço artesiano.


Raimundo Brito, técnico em eletrônica, é uma das diversas pessoas que pedem socorro ao aposentado. Ele conta que passa até três dias sem receber água em casa, o que tem gerado muitos problemas e precisou procurar ajuda para que não faltasse o produto.


“Aqui em casa está difícil para vir água. Vim pegar aqui no seu Aldecir porque está faltando água demais e a situação fica difícil. Ainda bem que existe esse poço para gente suprir nossas necessidades para cozinhar, beber e limpar. Graças a Deus que temos o seu Aldecir aqui. Se não tivéssemos, a situação estaria bem mais crítica”, diz.


Questionado se o poço artesiano tem capacidade para suportar a demanda, o aposentado responde alegre. “É bem capaz. Não vou garantir muito, mas enquanto tiver, a gente tira”, garante.



Seca

Há quase 100 dias não chove o suficiente para que o abastecimento no Bujari seja garantido à população. O reservatório d e água da cidade, que tem o tamanho de 20 campos de futebol, está completamente vazio.


Com a situação crítica, o Departamento Estadual de Pavimentação e Saneamento (Depasa) adotou medidas para que a cidade não fique sem água. A cada 24 horas, quatro caminhões pipas com capacidade de 20 mil litros saem da Estação de Tratamento de Água (ETA) de Rio Branco para o Bujari.


Apesar da medida, a operação garante o abastecimento para apenas 25% da cidade. Maria Santana, dona de casa, teve que mudar a rotina da família para não ficar sem água e passar uma situação ainda pior. “A gente economiza. Banho agora só um ou dois por dia”, relata.


Também dona de casa, Dora Morais já chegou a ficar cinco dias sem água. A única alternativa que ela encontrou para diminuir o consumo foi reaproveitar a mesma água para várias atividades. “Eu lavo roupa e, com a água que usei para fazer isso, limpo a casa toda. Também uso no vaso sanitário para evitar estrago. Não tenho cacimba e pelo jeito que a gente tá é ruim estragar água”, finaliza.


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