Quase 100 estudantes concluíram ensino fundamental e médio em escola construída dentro da aldeia Katukina, no interior do Acre.
A aldeia katukina amanheceu em festa nesta segunda-feira (23). Foram 98 estudantes, 64 deles do ensino fundamental e 34 do ensino médio receberam diploma de conclusão. E a comemoração não poderia ser diferente. Caracterizados, os índios cantaram e dançaram.
Um dos estudantes que receberam o certificado foi Levino Katukina, de 27 anos. Para ele, a escola é uma forma de manter a cultura e os estudantes dentro da aldeia.
“A escola fortalece a cultura e também facilita para manter o povo na aldeia. Vendo meu povo feliz, os formandos. Isso é um avanço muito grande”, comentou.
O secretário estadual de Educação, Marco Brandão, diz que a meta do governo é erradicar o analfabetismo indígena. “Nós estamos melhorando cada vez mais a educação indígena bilíngue, inclusive, nós vamos ter 2120 indígenas matriculados no Programa Quero Ler, vamos aí erradicar o analfabetismo indígena. Alguns deles já estão cursando a universidade”, comemora.
O povo Katukina tem uma população de quase mil pessoas que vivem na terra indígena kapina-katukina, a 70 quilômetros de Cruzeiro do Sul, na BR-364. A escola de ensino fundamental e médio Tamâkâyâ foi construída dentro da área e atende a toda comunidade. Hoje, pelo menos seis jovens katukinas estão na universidade.
Levi Pequeno Katukina é técnico pedagógico e professor dentro da aldeia. Ele conta que além de gramática, dicionários e livros didáticos, a escola também conta com cartilhas indígenas confeccionadas por pessoas da comunidade. As aulas até o quinto ano do ensino fundamental são ministradas na língua indígena.
“Estamos trabalhando com as duas culturas, com os dois conhecimentos, que é a educação ocidental com a preparação para o mercado e também com os conhecimentos indígenas.
O planejamento de todo o conteúdo que será estudado na escola é feito coletivamente pela comunidade, e incluiu tanto conteúdo obrigatório definido pelo Ministério da Educação como os ensinamentos sobre a história e a cultura do povo indígena.
O diretor da escola indígena, Beijamim Katukina, explica que aulas de pinturas, artesanatos e o cultivo de plantas tradicionais são conteúdos obrigatórios em sala de aula. Além da parte teórica, os estudantes aprendem na prática questões relacionadas à geografia, fauna e flora da região.
“Nós queremos que nossos alunos continuem aqui, mantendo sua língua e sua tradição”, diz.