Moradores do bairro Irineu Serra, em Rio Branco, falam que insegurança tira tranquilidade da comunidade. Muros e casas foram pichados com sigla do Comando Vermelho.
Uma onda de assaltos e furtos a casas tem tirado a tranquilidade dos moradores do bairro Irineu Serra, na parte alta de Rio Branco. Além da violência, pichações com as siglas da facção Comando Vermelho foram feitas em diversos muros e casas da comunidade.
Segundo os relatos, até mesmo a sepultura de Raimundo Irineu Serra, ou mestre Irineu, fundador do santo daime, foi pichada.
Procurado pelo G1, o tenente-coronel Rômulo Modesto, comandante do 5° Batalhão da Polícia Militar (PM-AC) responsável pela segurança na área, garante que não há uma grande quantidade de crimes no bairro.
Ele classificou como leviana a informação de que uma onda de violência estaria tomado conta da localidade. “Não identificamos em nenhuma área [do 5° Batalhão] uma situação que esteja fora de controle”, garante.
A professora aposentada Francisca Morais, de 67 anos, tem um terreno no início do bairro. Ela e o marido, que já moraram no local há 10 anos, estão construindo uma nova casa, que já tem muros levantados e fundações feitas.
No começo da semana passada, ela e o esposo encontraram o portão danificado e muitas pichações espalhadas pelo muro do terreno.
“Chegamos aqui na segunda-feira passada e vimos que ladrões tentaram arrombar o portão e a tranca da chave. Como não conseguiram, porque é sodado, eles ainda subiram pelo muro para pular para dentro. Só não conseguiram porque temos um cachorro e uma pilha de tijolos rente ao muro impediu”, relata.
A aposentada afirma que decidiu construir a casa para voltar a morar na comunidade. Após o episódio, ela começou a repensar a decisão e já não sabe mais se vai se mudar depois que as obras terminarem.
“Estava querendo vir para fazer uma pequena plantação no terreno, criar galinhas e ajeitar as coisas. Mas, agora com essa situação, estou desanimada e insegura de voltar”, lamenta.
Recislene Nascimento é diarista e afirma que há dois meses foi assaltada por dois jovens enquanto esperava o ônibus no ponto, próximo à sua casa, com a filha e a neta. Depois 15 anos vivendo no Irineu Serra, ela garante que essa foi a primeira vez que viveu esse tipo de situação. A moça também já soube de casos com outros moradores.
“Estava conversando com minha filha quando dois rapazes chegaram pedindo minha bolsa e dizendo que era um assalto. Até tentei segurar para que eles não levassem, mas perdi R$ 300, celular, cartões e outras coisas. Ultimamente aqui está ficando aterrorizante. Nunca ouvi tantas notícias de assalto e agora aconteceu comigo. Nem vou mais à parada, estou com pavor”, destaca a diarista.
Apesar de não ter tido nada subtraído, o funcionário público Carlos Afonso Barros Sampaio já presenciou e até mesmo impediu uma tentativa de assalto a casa de vizinhos. O muro dele também foi pichado com as siglas de uma facção, o homem calcula que o fato ocorreu há três dias. Morador do Irineu Serra há 26 anos, ele teme pela segurança da comunidade.
“Eu e outras pessoas impedimos que um homem assaltasse a casa do vizinho do meu sogro. Há seis meses, a mesma coisa aconteceu na residência de um amigo. Aqui temos uma segurança espiritual e as pessoas que moram no bairro são de bem. Quem não é daimista é evangélico. Até quatro meses atrás dava de dormir com as janelas abertas, agora não mais”, reforça Sampaio.
Casos pontuais
O tenente-coronel Rômulo Modesto destaca que a comunidade do Irineu Serra é pequena e não representa 1% da unidade do 5° Batalhão, que atende mais de 40 bairros. “Obviamente, deve ter acontecido algum crime, roubo ou furto. Mas, não existe uma onda de violência no Irineu Serra”, assegura.
Modesto explica que o policiamento do bairro é realizado por rondas, patrulhas e diversas outras ações que mobilizam várias equipes da PM ao lugar. “Várias modalidades de policiamento são empregadas em toda a área. Fazemos o policiamento ostensivo e preventivo com muitas equipes”, diz.
O comandante do 5° Batalhão argumenta que a maioria dos moradores fazem parte do Santo Daime, o que faz com que a área seja tranquila. Além disso, ele ressalta que o bairro é pequeno e distante do restante da cidade. “É um ponto específico, um ou outro roubo que aconteceu, e há uma supervalorização do problema, o que não é errado”, finaliza.