Um casal de agricultores idosos expulsos de suas propriedades no Seringal Porto Central (distante 50 quilômetros pela Rodovia AC 10), é um exemplo de injustiça social. Antônio José Cunha, de 60 anos, e Maria das Graças, de 62 anos, foram obrigados a abandonar as terras onde moravam há dois anos e perderam toda a produção que estava pronta para ser consumida e revendida, durante uma ação violenta de 60 policiais militares e civis, no Ramal Pirapora, no sentido capital-Porto Acre. Hoje, o casal conta as horas para deixar um imóvel onde vive de favor no município do Bujari. A reintegração aconteceu no dia 6 de abril deste ano.
Dona Maria das Graças conta que não tem água sequer para beber e depende da caridade dos vizinhos. Eles são parte de 32 famílias posseiras de uma propriedade em litígio judicial desde 2007. Líderes rurais que defendem a causa dessas famílias tentam convencer as autoridades que a o título de propriedade é fraudulento. O caso foi relatado na CPI da Grilagem de Terra do Congresso Nacional, através do então deputado Nilson Mourão (PT).
“Esse casal de idosos é um exemplo claro de que o Incra não fez a sua parte, ou seja, a regularização fundiária e o assentamento das famílias. Estas pessoas só estão nesse estado de penúria por que decidiram politizar o assunto. Na área rural, só há 20 votos por quilômetro quadrado, diferente da área urbana, onde existem 350 eleitores a cada mil metros de extensão”, critica Sebastião Sena, o autor do projeto de regularização fundiária que se transformou na Lei Terra Legal.