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Processo avalia se geoglifos no Acre podem ser tornar patrimônio nacional, diz Iphan

Para grupo de pesquisadores finlandeses e brasileiros, desenhos milenares no solo do Acre têm origem em rituais espirituais. Estudiosos do Acre rebatem pesquisa.

Em meio a uma polêmica sobre estudos relacionados ao geolgligos no Acre, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) informou à Rede Amazônica durante reportagem no Jornal do Acre que existe um processo que pretende tornar as famosas figuras geométricas em patrimônio nacional.


O superintendente do órgão, Jorge Mardini Sobrinho, informou que a possibilidade já é analisada por Brasília. “Tem um processo em andamento que já está em Brasília para estudar se os geoglifos podem virar patrimônio nacional”, destaca.


A afirmação de que os geoglifos do Acre eram um espaço de comunicação espiritual e de ritual com a natureza gerou polêmica esta semana entre os estudiosos do Acre. A afirmação é de uma equipe de cientistas da Universidade de Helsinki, na Finlândia, e da USP e foi publicada pela BBC na terça-feira (5).


Os desenhos no solo exibem diferentes formatos. São quadrados, círculos, elipses, octógonos ou “Us” e podem ter até quatro metros de profundidade.


Até agora, o motivo dessas formações permanecia um mistério, alimentando todo tipo de teoria. Já houve quem dissesse que eram assentamentos, aldeias, construções defensivas ou mesmo que eles haviam sido feitos por extraterrestres, como já foi dito no caso dos geoglifos de Nasca, no Peru.


Porém, os estudiosos chegaram a conclusão que os desenhos eram usados em portais espirituais. Em 1977, encontram os primeiros geoglifos no Acre. Na época, apenas oito desenhos foram descobertos.


Mas o desmatamento e estudos posteriores no terreno identificaram cerca de 500 somente no Acre, próximo à fronteira com a Bolívia.


O artigo chamou atenção dos pesquisadores acreanos, não pelo fato dos geoglifos serem apontados como centros de adoração, mas sim, pelas pesquisas realizadas lá fora já terem concluído a origem desses desenhos geométricos.


“Eu acho que é muito temerário dizer uma coisa dessa. A pessoa que está dizendo isso, simplesmente está extrapolando. São pessoas que estão trabalhando em cima de outros objetivos deles e não dessa nossa região”, disse o pró-reitor de extensão e cultura da Universidade Federal do Acre, Enock Pessoas.


Ivandra Rampanelli é pesquisadora e há anos estuda os geoglifos. Quanto ao artigo afirmar que esses desenhos geométricos estão relacionados a portais para os espíritos, ela também acha um pouco prematuro.


“As hipóteses mais aceitáveis até hoje entre os pesquisadores é que são locais cerimoniais, centros de adoração. Não consigo visualizar que eram portais para os espíritos porque não tem como a gente saber, porque ninguém falou isso. Acredito que são hipóteses, mas afirmar que era um portal é um pouco prematuro ainda”, destaca.


Enquanto o processo para saber se as formas geométricas podem virar ou não patrimônio nacional não é avaliado, os estudos para descobrir a verdadeira origem desses geoglifos no Acre continuam, pelo menos pelos pesquisadores da região. “Não faz sentido concluir ainda porque ainda nem se começou a estudar direito os geoglifos”, destaca Pessoas.


“Os estudos não acabaram. Ainda precisa de muitas pequisas e essas pesquisas vão ainda perdurar por muitos anos”, fina Ivandra.



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