Mãe diz que bebê fica acorda, mas chora muito. Cateter que quebrou não pode ser tirado da criança e oferece risco.
A família do pequeno Adrian Levi Silva Santiago, de 1 ano e 8 meses, comemora uma importante melhora no quadro de saúde do bebê, que saiu da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital da Criança nesta quinta-feira (21).
O pequeno foi baleado na cabeça, no último dia 7, quando homens em uma moto passaram atirando contra um grupo de pessoas no conjunto Cabreúva, em Rio Branco.
Já no leito, a direção do hospital falou sobre o estado de saúde do menino e disse ainda que não há previsão de alta para ele.
“A bala causou um grande estrago. Ele perdeu uma parte do cérebro, mas não comprometeu, por enquanto, a vida dele. Conseguiu sobreviver a esse agravo inicial”, explicou a diretora da UTI pediátrica, Eliza Souza, durante entrevista a Jornal do Acre desta sexta-feira (22).
Mas, os desafios do Adrian estavam apenas no início, porque quando começou a acordar do coma, ele puxou o cateter que estava inserido em uma veia no pescoço. Parte do tubo ficou na mão da criança e um pequeno pedaço, medindo aproximadamente 3 cm, entrou na veia.
A diretora da UTI pediátrica conta que imediatamente a equipe buscou localizar, por meio de exames, o ponto exato do cateter no corpo do bebê, mas isso teria demorado alguns dias.
“Ele [cateter] migrou. Saiu da veia onde estava, que era uma veia mais superficial, passou pelo coração e impactou na artéria pulmonar. Dependendo da localização, era muito fácil tirar. Um cirurgião vascular poderia fazer esse procedimento, mas, quando a gente viu estava em um local onde não dava mais para ser retirado. Desde o início, fomos muito sinceros com a família. Nós falamos da gravidade e que ele poderia morrer por isso”, destaca Eliza.
Agora, a retirada do cateter é praticamente impossível, porque ele parou na artéria pulmonar, que drena o sangue do coração para o pulmão.
“O risco que existe agora é desse cateter, onde ele está, criar coágulos ao redor dele e esses coágulos se desprenderem e entrarem no pulmão. Se forem poucos coágulos, ele pode prejudicar uma parte do pulmão e a criança sobreviver a isso. Se forem muitos coágulos, pode ser fatal”, destaca a diretora.
Ao mesmo tempo, Eliza acredita que o período de perigo já passou e que quanto mais tempo o cateter passa dentro do corpo, menos risco ele oferece ao menino. “Nós também estamos usando uma medicação para evitar a formação desses coágulos”, conclui.
Adrian Levi está na enfermaria do hospital e continua recebendo todo o acompanhamento profissional necessário e pode ficar ao lado da mãe 24 horas. Ela, que tem 17 anos e prefere não ser identificada, conta que foi avisada sobre o rompimento do cateter, mas não no dia que aconteceu o acidente.
Agora, já ao lado do filho, ela acredita que o pior já passou. “Ele tá melhor, já está acordado, só que ele chora muito, mas, para mim, ele tá bem. Do cateter, ela disse que ele estava correndo risco de vida, mas eu sei que Deus está no controle e vai agir na vida do meu filho. Meu filho estava na beira da morte e Deus tirou”, finaliza.