Tem coisas que só acontecem no Acre.
Veja, por exemplo, o Atlético Acreano, que acaba de conquistar o acesso à terceira divisão do Campeonato Brasileiro. Um volante decidiu abandonar a carreira para virar PM. “A vida no futebol é difícil”, disse ele. Um atacante, além de jogar bola, trabalha como atendente no hospital. Um lateral às vezes não consegue liberação da escola onde trabalha para disputar jogos importantes. Tem um goleiro que faz bicos de eletricista. Tem um punhado que está fazendo faculdade. E outros tantos estudando para o concurso dos bombeiros.
E tem as duas caixas d’água do campo B da federação acreana, onde o Atlético tem treinado. Todos sabem que os jogadores de futebol gostam de submergir em gelo após a atividade física para relaxar seus músculos exaustos. Todos sabem que o futebol do Acre não é um dos mais endinheirados do país. Então os bravos atleticanos um dia resolveram improvisar. Deitaram pedras de gelo em duas caixas d’água que encontraram abandonadas por ali e dessa forma mambembe, porém honesta, fizeram sua sessão de crioterapia.
Uma emissora de televisão local fez as imagens e depois as imagens foram à internet. Quem estava acostumado a jogadores de futebol tratados com os melhores mimos que a tecnologia esportiva tem a oferecer viu no improviso dos acreanos um símbolo de resistência e superação. Muitos começaram a torcer de longe.