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Tailine: “Eu perdoo, desde que ele prometa que não fará mal a mais ninguém”

Tailine da Silva Marques, estudante de 22 anos que ficou paraplégica após ser alvejada numa tentativa de assalto, no Centro de Rio Branco, na quinta-feira (10), respondeu com extrema paciência ás perguntas do acjornal.com. Revelou o que diria ao assaltante que a deixou de cama. Contou detalhes da agressão que sofreu, admite ter esperança de obter boas notícias na Rede Sarah, onde se submeterá a tratamento específico. É agradecida a amigos e desconhecidos que ajudam a custear a viagem e as caríssimas diárias em Brasília, e conta sobre as fortes dores provocadas pela inflamação persistente na medula torácica, onde a bala continua alojada. Leia:


Acjornal – O que você lembra daquela noite?


Tailine – Quando estou de moto, eu evito ficar atrás de carro. Acho melhor passar pelo espaço entre um carro e outro. E foi o que eu fiz. O sinal abriu e eu acelerei. Foi quando senti o impacto do tiro e caí no asfalto. Ali eu já não sentia mais as minhas pernas. O assaltante tentava ligar a moto, mas ela estava em marcha e afogou. Ele se desesperou, jogou a moto no chão e saiu correndo. Na verdade, pelas imagens, meu pai viu que esses bandidos não estavam me seguindo. Eles estavam no semáforo esperando qualquer um. Podia ser outra moça, outro rapaz. Pra fazer parar, eles deram o tiro. Vi que eram três no mesmo carro. Um deles tinha tatuagem no braço. Mas não deu pra ver o rosto.


Acjornal – Como se sente?


Tailine – Me mandaram pra casa por que o risco de infecção hospitalar é muito alto, sobretudo pelos ferimentos comuns em pacientes que ficam muito tempo deitados. Uma equipe médica vem me visitando, me acompanhando. Me recomendaram colchão pneumático e pomadas. O Estado está ajudando. O TFD vai bancar minha viagem para Brasília. O tiro pegou nesse local onde a gente abotoa o sutiã. Do umbigo pra baixo eu não sinto absolutamente nada. Na região superior, tenho muitas dores. A bala entrou queimando na minha medula. Para desinflamar vai levar um tempo. É difícil….


Acjornal – Você tem informações sobre a investigação policial?


Tailine – A polícia só diz que está investigando, mas não há avanços, pelo menos pra nós não chegou nada.


Acjornal.com – Você perdoaria quem atirou em você?


Tailine – Olha, a Bíblia diz que a gente tem que perdoar. Apesar de tudo, apesar de ele ter me deixado nesse estado….eu o perdoaria, sim, mas…desde que ele prometesse que não ia fazer mais mal a ninguém nesse mundo. Eu tinha planos, sonhos….mas eu o perdoaria.


Acjornal – Quais seus sonhos?


Tailine – Eu queria muito concluir meu curso de técnica em enfermagem, pegar a carteirinha do Coren e começar o curso de Enfermagem no Fameta. Eu já tinha tirado a foto para formatura. Já tinha colocado no Facebook…Fiquei emocionada quando soube que meus colegas adiaram a formatura por minha causa. Eles decidiram esperar que eu melhorasse, mesmo que de cadeira rodas…eu quero muito estar lá com eles.


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