Ex-deputado teria optado por entregar proposta mais branda aos investigadores, de forma proposital, para que ela fosse rejeitada e ele conseguisse um acordo com mais benefícios, negociado com nova procuradora-geral
Após os procuradores da Lava Jato rejeitarem a proposta de delação premiada do ex-deputado Eduardo Cunha, por considerarem as provas apresentadas por ele “omissas e inconsistentes”, pessoas próximas ao político afirmam que ele ainda não desistiu de dar o seu depoimento e, em troca, ser beneficiado por ter contribuído com a força-tarefa.
Uma fonte ouvida pelo O Globo conta que Cunha entregou, de forma proposital, uma proposta “leve” à equipe do atual procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com o intuito de ela ser recusada.
Isso porque o ex-deputado pretende esperar que Raquel Dodge assuma o cargo, no próximo dia 18 de setembro, para tentar, mais uma vez, a delação.
A ideia é conseguir um acordo com mais benefícios e menos aliados políticos delatados.
Outra linha estudada por Cunha e seus advogados seria uma mudança de postura do Supremo Tribunal Federal (STF) com a saída de Janot e a posse de Dodge. O ex-deputado acredita que pode ser mais fácil conseguir um habeas corpus junto à Corte com o atual chefe do Ministério Público Federal (MPF) fora de cena.
Eduardo Cunha está preso desde outubro do ano passado e foi condenado pelo juiz Sérgio Moro a 15 anos e 4 meses de prisão, por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Os depoimentos do ex-deputado eram dos mais esperados, devido à proximidade que ele tinha com vários políticos, inclusive com Michel Temer. A expectativa era, inclusive, que as revelações pudessem balizar novas denúncias da PGR contra o presidente.