José Carlos Meirelles registrou Maria Meirelles, de 26 anos, desde quando ela contraiu pneumonia na infância. ‘Sou uma pessoa de muita sorte’, diz jovem.
Nem sempre é preciso laços sanguíneos para ser um pai de verdade. A jornalista Maria Meirelles, de 26 anos, sabe bem disso. Na infância, ela precisou de tratamento contra pneumonia e passou a ser cuidada pela tia, que é enfermeira, e o marido, o sertanista José Meirelles. Os dois a registraram e criaram como filha.
O pai biológico de Maria era seringueiro e morava nas cabeceiras do Rio Jordão, no interior do Acre. Além de uma irmã gêmea, a jornalista tem outros seis irmãos na família biológica. “A mãe dela falou para ela ficar comigo, já que era tudo família. O pai biológico dela hoje mora em Porto Velho e tem a irmã gêmea. Eles sempre se visitam”, conta o sertanista.
A formação física veio do pai biológico, mas a intelectual é herança do pai afetivo. As principais referências de vida que Maria tem são da criação. Ela revela, que apesar da ótima relação com a família sanguínea, o gosto pela leitura e muito da visão de mundo são provenientes de Meirelles.
“Eu lia, gostava de estudar, sempre conversávamos muito e ele [Meirelles] me dava livros. Temos opiniões semelhantes sobre o mundo e nossa relação é muito legal, um presente para minha vida. A minha relação com meu outro pai também é muito boa. É tudo família”, afirma.
O sertanista ressalta que um diferencial da criação da jovem foi, desde cedo, deixá-la ciente da própria história. “Não querendo desmerecer a paternidade biológica, mas pai é quem cria. Fazer menino é a profissão melhor que tem no mundo, agora criar é outro papo. Nunca escondemos dela, desde que ela começou a se entender, contamos a história”, fala.
Por fim, Maria se resume como uma pessoa de sorte. “Meus dois pais são maravilhosos. Sou uma pessoa de muita sorte, porque em um mundo de omissão, onde a última coisa que as pessoas querem é responsabilidade, eu tenho dois pais e duas mães que quiseram essa responsabilidade. O ruim é [no Dia dos Pais] estar com um e sentir saudade do outro também”, finaliza.