Secretário de Segurança Pública disse que bloquear comunicação de presos foi a medida mais dura dos últimos dez anos. ‘Não adianta mandar recado, não vamos recuar’, disse.
Após novos ataques serem registrados entre a noite de segunda-feira (7) e a madrugada desta terça (8) em Porto Acre, Senador Guiomard, Rio Branco e Tarauacá, o secretário de Segurança Pública do Acre disse que os atentados não vão intimidar a Segurança Pública do estado. A declaração foi feita durante entrevista ao telejornal Acre TV.
“Eles continuam 100% no escuro, não vamos recuar nessa medida. É a medida mais dura dos últimos 10 anos, cessar a comunicação de quem está ali dentro, no escritório do crime, com quem está aqui fora. Não adianta mandar bilhete, não adianta mandar recado, nós não vamos recuar, não vamos nos intimidar, não adianta querer promover qualquer tipo de intimidação”, declarou o secretário.
Na madrugada de terça, em Porto Acre, três ônibus escolares, que estavam na garagem da Secretaria Municipal de Educação do município, foram incendiados. Em Tarauacá foram registradas cinco ocorrências só na noite de segunda. Quatro pessoas foram presas por envolvimento nos ataques. No município, três casas foram alvos dos criminosos. Houve também uma tentativa de incêndio ao ginásio poliesportivo e, uma barraca de palha, que era utilizada pela Polícia Militar, foi queimada.
Na manhã desta terça, outra ocorrência foi registrada em Tarauacá.Dessa vez, contra um prédio público onde funcionam as sedes do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (Idaf), Instituto de Terras do Acre (Iteracre) e Secretaria de Estado de Agropecuária (Seap). Dois meninos, de dez e de 11 anos, foram apreendidos. Eles contaram que um adolescente de 17 anos prometeu material para fazer pipas caso eles causassem o incêndio. Esse adolescente também foi apreendido.
Em Senador Guiomard, uma fábrica de reciclagem foi incendiada. As chamas inicialmente foram contidas por moradores, mas em seguida, o Corpo de Bombeiros chegou e evitou maiores danos no local. Já em Rio Branco, foi registrada uma tentativa de incêndio a um caminhão.
Mais de 30 pessoas foram presas e outras prisões devem ocorrer a qualquer momento, segundo o secretário.
“Prendemos pessoas do alto escalão, pessoas que estavam no topo da pirâmide. E vamos prender outras, que têm essa envergadura. Começamos a botar as coisas no devido lugar, as coisas começam a voltar à normalidade. Vamos continuar intensificando, continuar nas ruas. A gente não pode baixar a guarda, são 24 horas por dia, sete dias por semana. Não podemos permitir que percamos o controle como aconteceu no Rio de Janeiro. Aqui tem estado, aqui tem lei”, finalizou.
Ataques
A onda de violência começou na noite do sábado e manhã de domingo. Até aquele momento, quatro ônibus foram incendiados e o transporte coletivo foi paralisado temporariamente. Foi necessária escolta policial para que os veículos voltassem a circular. O interior do estado também teve ocorrências.
Na sexta (4), a Segurança Pública chegou a remanejar 22 presos para o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) no Presídio Antônio Amaro, de segurança máxima – o que também foi apontado com fato motivador aos atentados.
Em Tarauacá, ainda na noite do domingo, a biblioteca da Escola Municipal de Ensino Fundamental Ricardo Damasceno e um ônibus escolar foram incendiados. Na instituição, as chamas foram contidas rapidamente, segundo a prefeitura, não havendo necessidade da interrupção das aulas.
Na madrugada desta segunda (7), criminosos atearam fogo em um carro e motocicleta de um sargento da PM na cidade de Feijó. Os dois veículos estavam na garagem da casa do policial. No local, foram deixados coquetéis molotov e uma garrafa PET de dois litros com gasolina.