Laércio Dimov ainda não conseguiu recuperar o investimento feito, mas diz que ‘financeiramente não compensava’ voltar ao mercado; série do G1 conta história de quem abriu negócios na crise.
Laércio Dimov perdeu o emprego em uma das muitas reestruturações feitas pelas empresas para cortar custos durante a crise. Ele trabalhava como gerente geral de planejamento estratégico na companhia de call center Tivit há cinco anos quando foi desligado, em junho de 2015.
Dimov, agora com 50 anos, até tentou permanecer na área em que já atuava há duas décadas, mas não encontrou boas oportunidades.
“Fiquei uns dois ou três meses procurando, mas não surgiu nada que me interessasse. Os salários ficavam muito abaixo das minhas expectativas, financeiramente não compensava”, conta.
Na mesma época, seu cunhado resolveu partir de mudança para o interior de São Paulo e precisou vender duas franquias que tinha na rede Cacau Show na capital. Foi o impulso para Laércio abrir seu próprio negócio.
“Eu não tinha todo o capital para comprar uma franquia sozinho, mas fiz a proposta para ser sócio de um amigo e ele topou. Ele entrou com metade do dinheiro e eu assumi a gestão”, diz.
Juntos, os dois investiram R$ 220 mil – cerca de R$ 70 mil pelo direito de usar a marca e o restante para reformar a loja, que fica na zona leste de São Paulo.
Expansão
Tudo ia bem, mas em meados de novembro, o sócio, Renato Baptista, de 47 anos, também perdeu o emprego e passou a participar da http://ecosdanoticia.net/wp-content/uploads/2023/02/carros-e1528290640439-1.jpgistração do negócio. Os amigos ficaram assim por quase um ano, até que, em outubro de 2016, decidiram que uma loja só era pequena demais para os dois.
“Pensamos: vamos ter que partir para uma segunda franquia, porque essa não vai suportar”, brinca.
Desembolsaram mais R$ 90 mil e compraram mais uma loja, em um bairro próximo da primeira. Outros R$ 90 mil ainda foram financiados pela própria Cacau Show, para quem eles “devolvem” uma quantia todo mês.
Para Dimov, usar as economias para empreender em um contexto de crise foi arriscado, mas também uma oportunidade.
“Em algum momento [a economia] vai ter que melhorar. E se a gente esperasse a situação mudar para comprar a franquia ou fazer qualquer outro investimento, tenho certeza que sairia mais caro”.
Dinheiro de volta
Os dois sócios ainda não conseguiram reaver o dinheiro aplicado nos dois negócios, mas se dizem animados.
“Estou satisfeito. Estamos indo numa boa evolução no faturamento das lojas. A projeção era de recuperar o investimento entre dois a três anos, mas talvez a gente consiga no prazo menor, em 24 meses”, diz Dimov.
Segundo ele, primeira loja teve alta de 30% no faturamento bruto de 2015 para 2016, enquanto a segunda teve aumento de 15% (esta última só esteve sob o comando dos sócios por três meses em 2015).
De 2016 para 2017, a primeira vendeu 13% mais, e a segunda, 10%.
“Estamos investindo agora para colher no futuro. Uma hora a maré alta vai passar e a gente já vai estar na onda.”
Os sócios concordaram em usar o lucro das lojas para quitar o empréstimo com a franqueadora e repor o dinheiro que investiram. Os dois só retiram dos ganhos uma remuneração fixa por mês, de R$ 5 mil.
“Com esse pró-labore ainda não consigo tirar o que ganhava na empresa [seu último salário estava em torno de R$ 18 mil]. Mas se nós decidíssemos ficar com o lucro que temos nas lojas, chegaria próximo”, afirma Dimov.
Ele admite que teve que mudar o padrão de vida por conta disso, mas diz que não pretende voltar para o mercado.
“Lógico que alguns luxos, como trocar de carro todo ano, eu não tenho mais. Mas as necessidades básicas estão totalmente http://ecosdanoticia.net/wp-content/uploads/2023/02/carros-e1528290640439-1.jpgistradas e almejo daqui a algum tempo voltar ter [esses mimos]”.
Para o empreendedor, a rotina no negócio próprio, apesar de intensa, é mais satisfatória.