Justiça impediu que criança fizesse um aborto
O caso de uma menina de 10 anos que ficou grávida após uma série de estupros cometidos por um tio está comovendo a Índia. A criança teve um pedido de aborto negado nas últimas semanas pela Corte Suprema e será obrigada a realizar o parto do bebê.
Um grupo de médicos indianos não recomendou o aborto pelo fato da criança já estar na 32ª semana de gestação e o feto “estar bem”. No país, há a autorização para a realização do procedimento em caso de estupros até a 20ª semana em caso de risco de vida para a mãe.
A demora para entrar na Justiça por parte dos pais foi justificada por eles porque ninguém percebeu que a criança estava grávida. De acordo com os parentes relataram à mídia indiana, ela reclamou de fortes dores na barriga e foi levada ao médico.
Ao chegar para a consulta, foi constatada a gravidez e foi iniciada uma investigação para descobrir quem havia cometido os abusos. Atualmente, o estuprador está preso e aguarda julgamento no país.
Ainda segundo os pais, a menina não apresentava mudanças no comportamento e continua “sempre sorridente”. Em entrevista à emissora britânica “BBC”, o pai dela afirma que ela “não entende” o que aconteceu e acredita que tem “uma pedra” em seu estômago.
No entanto, por conta do assédio da imprensa local, ele teme que ela passe a “perceber” que algo está muito errado. Os médicos de Chandigarh marcaram uma cesárea para o parto para setembro, mas acompanham a menina diariamente para verificar se há o risco de vida para ela. Segundo o pai relatou à “BBC”, a família – que vive em condições de pobreza extrema – não quer ficar com o bebê e ele será colocado para a adoção assim que nascer. Mas, ele acredita que a menina precisará passar por um longo tratamento psicológico.
De acordo com dados oficiais do governo indiano e das Nações Unidas, a Índia tem um caso de estupro de menores de 16 anos a cada 2,5 horas e de uma criança com 10 anos ou menos a cada 13 horas.
O país tem feito diversos programas públicos para tentar diminuir o número de estupros de mulheres – que ocorrem com uma indiana a cada meia hora -, mas a situação ainda é muito crítica para elas. (ANSA)