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Acusado de furto, amigo teve ajuda de Bruno para tirar móveis de quarto, diz advogado

Advogado de Marcelo Ferreira diz que não teve acesso ao depoimento de Bruno, mas acredita que fatos sejam esclarecidos e que jovem será inocentado.

O estudante de psicologia Bruno Borges ajudou a retirar os móveis do quarto dele, antes de desaparecer. A afirmação é de Jairo Melo, advogado de Marcelo Ferreira, amigo de Bruno, que foi indiciado pelos crimes de furto e falso testemunho. O advogado acredita que o depoimento dado por Bruno à polícia pode inocentar o cliente do crime de furto.


“Ele foi indiciado por furto porque a princípio, foi identificado como uma das pessoas que levaram esses móveis para a casa do Márcio, por isso chegou a ser indiciado. Mas, isso não tem como ir pra frente, porque testemunhas confirmaram que o Bruno ajudou no transporte. Simplesmente não há o crime, isso é bem mais tranquilo. A própria mãe do Márcio reconheceu o Bruno, chegou a ver o Bruno dirigindo”, disse.


O advogado afirma que desde que Bruno reapareceu não consegue contato com Marcelo Ferreira. “Desde que o Bruno apareceu, ele [ Marcelo] deligou o telefone”, diz.


Melo explica que foi à delegacia, mas não teve acesso ao depoimento de Bruno e espera o inquérito chegar até a Justiça.


“Ainda não falei com o Marcelo, mas soube por terceiros que eles [Marcelo e Bruno] já estiveram juntos e conversaram. Marcelo deve ser inocentado pelo crime de furto, pois o Bruno deve ter esclarecido os fatos provando que não houve furto”, acredita.


Em relação ao crime de falso testemunho, uma vez que Ferreira não contou à polícia onde estavam os móveis do quarto de Bruno, o advogado saiu em defesa de Marcelo.


“O Marcelo não deu um falso testemunho, ele apenas não falou coisas que não foram perguntadas a ele, mas depende muito do entendimento do delegado. Após a investigação ser concluída, vamos ver que rumo tomar e saber algo mais concreto sobre o caso. Em relação ao furto, o crime não existiu mesmo”, completou.


Na casa de Marcelo, foram encontrados dois contratos, sendo que um foi autenticado no dia em que Borges desapareceu, dando porcentagem da venda dos livros para Ferreira, Gaiote e Eduardo Velloso, primo de Borges.


Nesta quarta, o delegado Alcino Júnior informou que deve manter o indiciamento tanto de Marcelo, como de Márcio Gaiote por terem omitido informações importantes nos primeiros depoimentos.


Volta pra casa

Bruno Borges reapareceu no último dia 11, após sumir por quase 5 meses. As câmeras de segurança registraram o momento em que ele aperta o interfone e espera na frente de casa por mais de uma hora. Um vizinho aparece e liga para o pai de Bruno, que se emociona ao encontrar o filho.


Ele foi ouvido pelo delegado Alcino na tarde de terça-feira (15) ereafirmou à polícia que planejou o sumiço, desapareceu por livre e espontânea vontade e que não foi coagido por ‘nenhuma força externa’, o que mantém a versão da polícia de que não houve crime no sumiço.


‘Rapaz humilde e inteligente’

A vizinha e mãe do amigo de infância de Bruno, Maria do Socorro Benício, de 53 anos, disse que visitou ele no domingo (13), dois dias depois dele reaparecer. Ela falou detalhes da infância de Bruno com o filho, Paulo Roberto, das visitas dele à casa da família e do estilo de vida simples do jovem.


A amizade dos garotos era alvo de crítica, segundo Maria, por causa da diferença social e também por que o filho nasceu com uma malformação congênita neurológica de Parizi. “Bruno sempre foi da minha casa, tinha gente que criticava ele por ser filho do dono da Pão de Queijo [restaurante da família] e andar com um rapaz deficiente”, contou.


Relembre a história

Antes de sair da casa onde mora em Rio Branco, Bruno Borges deixou 14 livros escritos à mão e criptografados, com alguns trechos copiados nas paredes, teto e no chão do quarto. Deixou ainda uma estátua do filósofo Giordano Bruno (1548-1600), por quem tem grande admiração, que custou R$ 10 mil.


Em maio deste ano, Marcelo Ferreira, de 22 anos, amigo do estudante, chegou a ser detido pela polícia pelo crime de falso testemunho. Na casa dele, a Polícia Civil encontrou dois contratos – um deles autenticado no dia do desaparecimento – que estabeleciam porcentagens de lucros com a venda dos livros. Ferreira teria ajudado Bruno no projeto.


Policiais também encontraram móveis do quarto do acreano na casa de outro amigo, Márcio Gaiote, que também teria participado na logística. Gaiote, que mora na Bahia, chegou a ser indiciado para depor na capital acreana, mas não compareceu, sendo indiciado indiretamente.


Em entrevista ao Bom Dia Amazônia exibida no dia 3 de julho, Ferreira contou que ajudou Bruno a montar o quarto e sabia do projeto, mas garantiu que não tinha conhecimento do desaparecimento, nem do local onde ele poderia estar vivendo.


Para a Polícia Civil, que investigou o caso, os contratos, e-mails e mensagens trocadas entre os amigos esclarecem a situação. O sumiço de Bruno foi parte de um plano para garantir a divulgação do trabalho deixado por ele, informou na época o delegado Alcino Souza Júnior.


Lançamento de livro

O primeiro dos 14 livros de Borges entrou para a lista “não ficção” dos mais vendidos da semana, entre 24 e 30 do mês passado. O ranking é do site PublishNews, construído a partir da soma das vendas de todas as livrarias pesquisadas. A segunda obra do jovem já tem data para lançamento, disse a editora ao G1.


O livro “TAC: Teoria da Absorção do Conhecimento” (Arte e Vida) tem 191 páginas nas quais o autor faz grande esforço para explicar sua criação.


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