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Prédio construído na chegada de Marechal Thaumaturgo mantém arquitetura do século passado

Local é ponto de encontro em Cruzeiro do Sul e virou Museu da Justiça. ‘É a oportunidade de se aventurar no antigo estando no novo’, diz um dos homens que tomou conta do prédio.

O Centro Cultural do Juruá foi construído em um morro da cidade de Cruzeiro do Sul e é um dos prédios mais antigos construídos no Acre. Há quem diga que trata-se do mais antigo prédio com a estrutura construída no século passado e um lugar vivo que guarda muitas memórias.


Narcélio Siqueira, de 37 anos, é o técnico judiciário que cuida do centro. Ele conta que a história do prédio remete-se ao início do século passado, desde à fundação da cidade, em 1904, com a chegada do Marechal Thaumaturgo ao seringal Centro Brasileiro, que futuramente viria a ser chamado de Cruzeiro do Sul.


“Pouco tempo depois de chegarem aqui, teve início a construção do prédio principal junto com os dois anexos, que só foram terminados oficialmente em 1911. A princípio, era para ser a sede da primeira prefeitura do Juruá, que era chamada de intendência, a mando do primeiro intendente da cidade e seu fundador Marechal Thaumaturgo”, relembra.


Após o término das obras em 1911, o prédio foi passado para o Poder Judiciário a quem pertence atualmente. “Um dos pontos mais marcantes, sem dúvida, foi que lá funcionou o Tribunal de Apelação, aclamado pela população, já que quando se recorria de uma sentença demorava meses para que essa sentença chegasse. Foram muitas reclamações e com razão. Após a pressão, foram instaladas as Câmaras que temos hoje”, conta.


Siqueira destaca que o Centro é o primeiro prédio que possuiu alvenaria em sua construção na região e que até os dias de hoje mantém a arquitetura. “A gente costuma brincar dizendo que se o Marechal voltasse, ele saberia onde estaria pelo prédio que continua do mesmo jeito que ele construiu”, brinca.


O prédio fica localizado em um morro conhecido por “morro do antigo fórum”, em frente a prefeitura da cidade, e atrai turistas e cruzeirenses pela beleza do local. Na parte da frente, fica a praça João Pessoa atrás uma bela vista do Rio Juruá, que banha a cidade proporcionando belas fotos para os visitantes.


O Centro Cultural é um patrimônio histórico onde funciona o Museu da Justiça que guarda artefatos antigos utilizados em audiências do início do século XX, mobílias, equipamentos, máquinas e livros datados de 1872 que contam a história da evolução do Poder Judiciário na região.


Eduardo Gomes, de 70 anos, foi um dos responsáveis pelo museu por quase 8 anos e também encabelou muitas descobertas de artefatos que compõem o museu. “Onde a gente sabia que tinha alguma peça, nós íamos lá, dentro de ramais, seringais e subindo o rio. Enfim, fazíamos o possível para trazer as recordações para dentro do local”, relembra.


O prédio hoje recebe visitas de turistas e nativos da cidade, além de turmas de estudantes que buscam conhecer mais sobre a formação da cidade e seu surgimento.


Para Gomes, o prédio é a forma mais viva de se contar a bela história da cidade. “Cada canto daquele têm história, as pessoas se vão, mas o prédio fica. É o legado não só de um lugar, é o legado da nossa cidade. É a oportunidade de se aventurar no antigo estando no novo”, finaliza.


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