População carcerária em Sena Madureira dobra em período de três anos

Aumento da criminalidade e falta de estrutura para comportar os detentos são realidade no município

Um espaço para 145 detentos, mas que, na prática, comporta mais de 400 pessoas. Essa é a atual realidade do presídio Evaristo de Moraes, localizado em Sena Madureira. Além desta situação, foi verificada pela equipe da ContilNet que a ala feminina também sofre com situações de infraestrutura, fazendo com que haja transferência de detentas para a unidade penitenciária de Rio Branco.


Estes dados também confirmam um dado assustador: o aumento da população carcerária no município, reflexo da violência e dos conflitos entre facções. Segundo o delegado Marcos Frank, titular da Regional do Purus, em 2014 o número de presos era pouco menos de 200, mas em 2017 esse número já está acima do dobro, com 410 presidiários.


“Embora esses números mostrem que as instituições policiais e judiciárias não falhem nas apreensões e condenações, não sabemos afirmar com certeza o fator que aumentou o índice de criminalidade, mas temos feito o possível para combater os criminosos”, afirmou Frank.


Os conflitos entre facções também são destacados pelo Major Casagrande, que está à frente da Polícia Militar (PM) em Sena Madureira há um ano: “Desde que as guerras entre facções estouraram em todo o país, as tentativas de homicídio em Sena aumentaram, afetando diretamente o aumento na quantidade dos presidiários”.



Aécio Lima, atual diretor do presídio Evaristo de Moraes, afirma que a unidade foi construída para comportar 145 pessoas, mas que, atualmente, possui mais de 400 detentos. “Nossa realidade gira em torno desse número. A gente fala em ‘vagas’ por cama, então se você colocar colchões no chão, comporta-se muito mais. Não é o ideal, mas é a realidade com a qual trabalhamos. Existem os espaços grandes, que seriam para seis presos, e que, com os colchões no chão, triplicam de capacidade”, explicou Lima.


O diretor também afirmou que a ampliação da ala masculina já está em fase de licitação, para que seja construída junto com as reformas no espaço uma ala de convívio familiar. Quanto à ala feminina, o diretor explica que a transferência para a unidade penitenciária da Capital é uma necessidade, pois o espaço onde as detentas ficam atualmente é uma casa adaptada, não possuindo a segurança adequada nem para a população e nem para as próprias presidiárias.


“Com a vinda do novo presídio feminino em Rio Branco, o Ministério Público entrou com uma ação civil pública, pedindo, entre outras coisas, que exista um novo presídio em Sena. E como ainda não existe, estamos transferindo estas detentas”, relatou o diretor.


Mesmo entre as dificuldades, Aécio destaca que não existe medo de retaliação: “O trabalho que faço é de forma respeitosa, tanto com os presidiários quanto com os familiares. Vemos muitas reclamações de alguns operadores públicos de desrespeito, gerando ameaças de ambas as partes. Estou aqui como mediador, e atuo sem receio”.


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