Empresária tinha residência no estado do Acre, mas passava a maior parte do tempo na Bolívia e Peru negociando com os fornecedores de droga, segundo a PF. Operação recebeu nome de ‘Atenas’.
A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta terça-feira (4), a Operação Atenas. A ação tem como foco desarticular uma organização criminosa brasileira especializada no tráfico internacional de drogas. Uma empresária, que tinha residência no estado do Acre, mas passava a maior parte do tempo na Bolívia e Peru negociando com os fornecedores de droga, também estava sendo investigada, segundo a PF.
A investigação recebeu o nome de Atenas em referência a uma agência de viagem que pertencia à empresária acreana por ocasião do início da Operação (Atenas Turismo). O G1 tentou entrar em contato com a empresária, por meio do telefone da agência dispinibilizado na internet, mas até a publicação desta matéria ninguém havia atendido.
A PF informou que a organização atuava na Bolívia, Peru, e nos estados brasileiros do Acre, Amazonas (AM), Pará (PA), Mato Grosso (MT), Minas Gerais (MG) e São Paulo (SP). Estão sendo realizadas oitivas e cumprimento de mandados de prisão e busca e apreensão nas cidades de Cruzeiro do Sul (AC), Cuiabá (MT), Rondonópolis (MT), Aracajú (SE) e Belém (PA).
Ao todo, são feitas dez oitivas de investigados e quatro mandados judiciais cumpridos pelos policiais federais, sendo três de prisão e um de busca e apreensão. Para o cumprimento das diligências estão sendo empregados aproximadamente 60 policiais federais.
Ainda de acordo com a PF, a organização criminosa era composta por traficantes com antecedentes por tráfico de drogas e delitos conexos, era bem estruturada, com divisão de tarefas definidas e uma intensa movimentação financeira.
Um empresário, juntamente com a empresária acreana, segundo a PF, eram responsáveis por financiar a compra da droga nos países vizinhos e prover toda a logística de transporte para outros estados brasileiros. O empresário alternava sua residência entre os estados de Minas Gerais e Sergipe.
Além de droga, o grupo aproveitava a estrutura logística disponível e também adquiria armas no Peru para serem utilizadas na segurança do transporte da droga. Os envolvidos vão responder, de acordo com a PF, na medida de suas responsabilidades pelos crimes de tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico e tráfico internacional de armas de fogo.
A PF informou ainda que fez um acompanhamento de um ano e foram realizados dois flagrantes, um na cidade de Poxoréu (MT) onde foi apreendida uma aeronave transportando 326 quilos de cocaína e outro no Rio Juruá, próximo ao município acreano de Porto Walter, onde foi apreendida uma pequena embarcação transportando 276 quilos de cocaína, um fuzil de procedência romena e uma espingarda de fabricação nacional.
A operação retirou de circulação aproximadamente 600 quilos de cocaína. Por ocasião dos flagrantes, foram presos seis membros da organização criminosa, dentre eles, um piloto boliviano e um piloto espanhol.
Estão sendo cumpridos, nesta terça (4), os mandados de prisão dos dois empresários e de mais um membro que tinha a função de recrutar pilotos de aeronave para trabalhar no transporte da droga.
A Polícia Federal disse ainda que uma das características que demonstram a sofisticação da organização era a utilização do transporte aéreo realizado por pequenos aviões. O grupo chegou a arrendar uma fazenda e construir a sua própria de pista de pouso no município de Poxoréu (MT).
O grupo criminoso objetivava montar uma estrutura que permitisse o transporte de aproximadamente uma tonelada de cocaína por mês. Ainda segundo a PF, a Justiça autorizou o bloqueio dos bens e valores dos criminosos visando a completa desarticulação financeira da organização.