Segundo o CFM, AMB e FMB, Ricardo Barros fez comentários “inadequados” e “pejorativos” sobre o trabalho dos médicos
O CFM (Conselho Federal de Medicina) e a AMB (Associação Médica Brasileira) divulgaram uma nota nesta quinta-feira (13) em que afirmam que o ministro da Saúde, Ricardo Barros, fez comentários “inadequados” e “pejorativos” sobre o trabalho dos médicos e desconhece a realidade destes profissionais no SUS.
As críticas ocorrem após o ministro defender, em evento no Palácio do Planalto, que as prefeituras precisam “parar de fingir que pagam o médico, e o médico precisa parar de fingir que trabalha -em referência à adoção de biometria e de um “padrão de produtividade” nas unidades básicas de saúde.
Para as duas entidades, médicos e outros profissionais de saúde “são frequentemente constrangidos” por declarações de gestores, “inclusive o ministro Ricardo Barros, que distorcem as dificuldades enfrentadas pelo SUS”.
“Diante da necessidade premente de união de esforços em torno da superação dos inúmeros problemas que afetam o SUS (Sistema Único de Saúde), são completamente inadequados os comentários pejorativos feitos por autoridades que se mostram desconectadas da realidade a respeito do trabalho dos profissionais da saúde, em especial dos médicos, bem como da própria dinâmica de funcionamento do SUS”, informam o CFM e AMB.
“Na incapacidade de responder aos anseios da população, transferem para as categorias da área da saúde, sobretudo para os médicos, a culpa pela grave crise que afeta a rede pública. No entanto, polêmicas infundadas não eximem o Estado de suas responsabilidades”, completa a nota.
O CFM cita pesquisa do Datafolha, feita em 2016, que mostra que a falta de estrutura de atendimento e má gestão são apontados como fatores que impedem o exercício da medicina.
“Apenas o trabalho articulado de gestores e de todos os setores envolvidos com essa crise, o que inclui os médicos e os demais profissionais da área, assim como a sociedade em geral, ajudará a trazer as respostas esperadas pelos brasileiros, em especial os 150 milhões que dependem exclusivamente do SUS.” Com informações da Folhapress.
A Federação Médica Brasileira também informou em nota que medicina não é mercadoria e que médicos não podem ser remunerados pela quantidade de procedimentos realizados.
“Por não ter formação profissional na área da saúde, Ricardo Barros avalia como mais conveniente culpar os médicos pela falta de estrutura, de recursos humanos, de laboratórios, de equipamentos para exames de imagem, de leitos decentes e condizentes para a realização de um tratamento de saúde, de medicamentos e de alimentos para os pacientes”, diz a nota.