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Máquinas que abriam ramal foram “desviadas”para terras de fazendeiros em Sena. Alunos acordam às 3:30 e caminham 6 horas

A população rural de Sena Madureira está farta de promessas. Tanto que, mesmo correndo risco de retaliação, as 23 famílias do Ramal Santa Inês decidiram denunciar um dos desmandos até então camuflados pela gestão Mazinho Serafim (PMDB). Máquinas que faziam melhorias no ramal foram “desviadas” para atender exclusivamente dois grandes pecuaristas da cidade e facilitar a chegada de sal para alimentar as milhares de cabeças de gado pertencentes aos fazendeiros.


O trator de esteira até que apareceu no ramal, mas só trabalhou até o quilômetro 04, onde está situada a suntuosa fazenda do vice-prefeito Gilberto Lira. Outros sete quilômetros foram desprezados depois que o vice-prefeito e um dos fazendeiros promoveram um encontro no meio do ramal e, ali, teriam combinado que as máquinas deveriam sair do trecho. Em vídeo, os agricultores relatam que viram o gestor do município em conversa suspeita com o pecuarista, pouco antes de a pá carregadeira tomar direção ao Ramal do 16, onde ficam as propriedades particulares.


“O Mano (ex-prefeito) era ruim, mas quando ele mandava a máquina fazia o serviço todo”, declara José Maria Barbosa. “A gente vai na cidade, gasta gasolina e tempo, chega lá na garagem da prefeitura eles dizem que a máquina tá vindo. A gente fica na beira do ramal esperando feito besta e nada. Aqui tá todo mundo decepcionado”, disse o agricultor Francisco Costa.

Entra os produtores rurais, a situação mais difícil é de Eliseu Firmino dos Santos. Ele está terminando a colheita de 100 sacas de café, que espera comercializar com a fábrica do Café Contri, em Rio Branco. O homem não tem como levar o produto até a BR-364.


Desrespeito às crianças


Alunos matriculados no Ensino Fundamental são os mais prejudicados. São crianças de até 14 anos que precisam sair de casa às 03:30hs para uma caminhada longa até chegar na escola, que fica na entrada do Ramal Santa Inês. Todos os dias são, em média, três horas e meia para ir e outras três horas e meia para voltar para casa. “Se o ramal está bom, o ônibus escolar vem pegar as crianças. Mas com esse varadouro que está aí, nossos filhos vão à pé mesmo”, disse dona Maria Aparecida da Silva Souza.


Na prefeitura, nossa reportagem foi informada que o município está sem assessor de imprensa. Não localizamos o prefeito, nem o vice, Gilberto Lira, para comentar a denúncia de que as máquinas foram retiradas do ramal para atender fazendeiros da região.


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