Homem teria ajudado outros policiais bolivianos no sequestro do trabalhador rural Sebastião Nascimento, no dia 11 de fevereiro.
A Justiça do Acre manteve a prisão do policial civil brasileiro preso sob a suspeita de participar do sequestro do trabalhador rural Sebastião Nogueira do Nascimento, de 33 anos, que está detido na Bolívia. A decisão foi tomada pela Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC) na quinta-feira (20).
O policial foi identificado pelo TJ-AC como Maicon Cézar Alves dos Santos. Segundo o tribunal, ele teve a prisão preventiva mantida pelos crimes de abuso de autoridade, disparo e porte ilegal de arma de fogo, invasão de domicílio, lesão corporal, organização criminosa, sequestro e prevaricação.
Nascimento, conforme investigação do Ministério Público (MP-AC), foi sequestrado por policiais bolivianos que entraram na casa dele em Epitaciolândia, no interior do Acre, e o levaram até a Bolívia, onde a prisão teria sido forjada. Ele continua preso desde o dia 11 de fevereiro.
Santos, que atua em Brasileia, teve participação direta no sequestro, informou o promotor de Justiça Ildon Maximiano, no mês passado. O policial civil foi preso no dia 23 de junho durante a Operação Pátria Amada, deflagrada pelo MP-AC e Polícia Federal. Outros três bolivianos foram identificados como autores do crime.
O TJ-AC informou que, ao analisar o pedido de revogação da prisão do policial, o desembargador-relator Elcio Mendes levou em consideração que não existe ilegalidade na preventiva. Com isso, o brasileiro deve ficar preso até o julgamento do processo no Juízo Criminal da Comarca de Epitaciolândia.
Cinco meses preso
A irmã de Nascimento, a dona de casa Dilma Nogueira, de 37 anos, diz que costuma visitar o irmão três vezes por semana. Ela afirma que não existe nem previsão para julgamento, uma vez que não existem provas contra o trabalhador rural.
“Meu irmão continua em prisão preventiva. Vamos três vezes por semana e ele está atordoado. É um sofrimento para a família. Eles [polícia boliviana] não têm provas contra meu irmão, não sei o por quê de mantê-lo preso. Nem temos condições de ir nas visitas”, acrescenta.
Entenda o caso
Familiares do trabalhador rural denunciaram que ele foi “sequestrado” por policiais bolivianos e, em protesto, chegaram a fechar as duas pontes que ligam o Brasil à Bolívia – Ponte da Amizade em Epitaciolândia e a Ponte Wilson Ribeiro, em Brasileia.