“A solidão é fera/A solidão devora” os versos de Alceu Valença, cantados na música “Solidão” (1984), se aplica à realidade de alguns homens japoneses. Um deles é o fisoterapeuta Masayuki Ozaki, 45 anos, que assumiu publicamente um relacionamento com uma boneca ultrarrealista de silicone. Mayu dorme, passeia e toma banho com Ozaki, na mesma casa que ele divide com a esposa e uma filha, em Tóquio
“Depois que minha esposa deu à luz nossa filha, paramos de fazer sexo e isso me deu um profundo sentimento de solidão”, contou à AFP.
“No momento em que vi Mayu na vitrine, foi amor à primeira vista”, lembra. A amante de silicone foi motivo de muitos desentendimentos entre o casal, “mas hoje minha esposa aceita”, explica Ozaki, que tem quatro “raru doru” (boneca do amor, em tradução livre).
Não é o que aconteceu com o empresário Senji Nakashima, que tem dois filhos, mas vive sozinho com as bonecas. “Ficaria triste se não cuidasse dela corretamente e isso, pouco a pouco, fez de mim uma pessoa mais gentil e melhor”, declarou à agência. Já Yoshitaka Yodo tem namorada, mas mantém 10 bonecas. Ele conta não fazer sexo com elas.
É como se eu tivesse uma coleção de carros esportivos, como uma Ferrari ou um Rolls Royce”.
Cerca de 2 mil bonecas são vendidas por ano no Japão, conforme números da fabricante Orient Industry. Os maiores compradores são, segundo a fabricante, viúvos. Para Ozaki, a moda “pegou” porque “a mulher japonesa tem o coração frio. É egoísta. Os homens querem alguém para ouvi-los sem reclamar quando chegam do trabalho”. O fisioterapeuta já avisou à família que quer ser cremado com as bonecas.
As “raru doru” são uma espécie de upgrade das antigas infláveis e surgiram em 2001. Aperfeiçoadas, hoje, são feitas de látex e silicone, para “imitar” a pele humana. A vagina e a cabeça são desmontáveis e podem ser “personalizadas”. A raru doru custa cerca de R$ 20 mil (5.3 mil euros).