Fundado em 1970 pelos artistas plásticos mineiros Álvaro Apocalypse, Tereza Veloso e Madu, o grupo de teatro de bonecos Giramundo produziu em quase meio século de existência 34 montagens teatrais e construiu um acervo próximo de 1,5 mil bonecos e objetos de cena, além de horas de vídeo sobre o seu trabalho. Uma parte expressiva dessa trajetória está contada na mostra Mundo Giramundo, aberta ao público hoje (12) na Caixa Cultural Rio de Janeiro, onde fica em cartaz até 27 de agosto.
Voltada tanto para o público infantil quanto para os adultos, a exposição possibilita ao visitante um mergulho no universo da companhia sediada em Belo Horizonte (MG). Na capital mineira, a sede própria do grupo, conquistada em 2000, serve de base para o Museu Giramundo, que preserva a maior coleção privada de marionetes das Américas, além de uma escola e de um estúdio de animação.
Nas montagens do grupo, a figura da marionete está presente em múltiplas formas: de bonecos manipulados por fios a mamulengos (fantoches de luva), passando por artefatos de vara, bunraku (bonecos manipulados por três atores e mochila) e adaptações próprias, uso de máscaras e teatro de sombras. Algumas dessas marionetes ficaram nacionalmente conhecidas por sua participação em programas de televisão.
Os fundadores do grupo eram professores da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e imprimiram um rigor metodológico e uma atenção estética no planejamento dos bonecos e dos espetáculos. Filha de Álvaro e Tereza, que morreram em 2003, Bia Apocalypse está hoje à frente do Giramundo, que nas últimas décadas se tornou um núcleo multimídia. Hoje o Giramundo experimenta a cena de animação, em que bonecos reais convivem com suas versões digitais. O grupo também iniciou a produção e comercialização de livros, vídeos e brinquedos.
“Quem vier à mostra vai percorrer a história do Giramundo ao longo dessas décadas, com vários tipos de bonecos e de materiais e técnicas”, disse Bia, responsável pela exposição. “O que a gente trouxe aqui para o Rio representa uns 10% do nosso acervo. Na seleção, nós priorizamos as informações por décadas, e dentro dessas décadas, os espetáculos mais expressivos, do ponto de vista da construção, do desenho e da forma plástica”, explicou.
Além de conhecer as marionetes, o público pode aprender sobre esse processo de criação e construção e descobrir como os personagens são feitos. “Os bonecos nascem a partir de um desenho, com base no estudo do personagem. Depois, a gente transforma esse desenho em um projeto técnico e parte para a confecção”, contou Bia Apocalypse, em entrevista ao programa Arte Clube, da Rádio MEC AM do Rio de Janeiro.
“Nós mostramos a anatomia dos bonecos, porque as pessoas são curiosas em saber como é o braço, como é a mão, do que é feito a perna. Escolhemos um boneco bem bacana e, numa mesa, dissecamos ele e colocamos ali, por exemplo, vários tipos de mão que usamos – de madeira, de couro, de luvas – os pés, as pernas, o mecanismo”, detalhou.
Atividades paralelas
Além da exposição, o grupo Giramundo vai oferecer no dia 21 de julho, das 15h às 20h um workshop sobre manipulação de bonecos. Voltada para jovens e adultos, a atividade é gratuita e pretende apresentar a metodologia de treinamento de marionetistas adotada pelo grupo, utilizando os bonecos profissionais da companhia. São 20 vagas e as inscrições podem ser feitas por meio do e-mail secretaria@giramundo.org.
Já nos dias 29 e 30 de julho, às 16h, o grupo apresentará o espetáculo Pedro e o Lobo, de Sergei Prokofiev, um clássico escrito em 1936 e encenado pelo Giramundo pela primeira vez em 1993. As apresentações serão realizadas no foyer da Caixa Cultural e abertas ao público.
A mostra Mundo Giramundo, com entrada franca, pode ser vista na Caixa Cultural de terça-feira a domingo, das 10h às 21h, até 27 de agosto. Com informações da Agência Brasil.