Essa não é a primeira vez que um professor do Curso de Jornalismo é acusado de preconceito ou discurso de ódio
No dia 12 de julho de 2017 os alunos do segundo período do curso Jornalismo da Universidade Federal do Acre (Ufac) alegam ter vivenciado uma situação abusiva dentro da sala de aula. Segundo os alunos, o professor de Sociologia da Comunicação, Mauro Cesar Rocha, no exercício de suas atividades docentes, teria proferido um discurso que fere princípios básicos da dignidade da pessoa humana.
De acordo com um aluno, que não quis se identificar, o citado professor estava ministrado uma aula sobre “Capitalismo Desregulado” e que de alguma forma disse que isso era culpa da falta de moral do país, a partir daí o docente teria seguido com um discurso ofensivo e homofóbico.
“Ele seguiu o discurso dizendo que essa falta de moral do país havia gerado os homossexuais, que eles eram uma anomalia genética e que geraram a AIDS, pelo fato dos relacionamentos homoafetivos não se prevenirem durante o sexo. Além disso, ele falou ainda que os gays não podiam adotar filhos e que todas as mulheres lésbicas um dia foram abusadas pelos pais, pois também viraram homossexuais”, disse o denunciante.
Essa não é a primeira vez que um professor do Curso de Jornalismo é acusado de preconceito ou discurso de ódio. No ano passado algumas alunas acusaram um professor de proferir piadas machistas na sala de aula.
O professor citado não foi encontrado para comentar o caso. Mesmo assim, esta reportagem entrou em contato com a coordenação do curso para saber quais medidas serão tomadas em relação a esta atitude. A coordenadora, Gisele Lucena, explicou que dentro da Instituição existe os meios legais para registrar a denúncia, desta forma os orientou como deveriam proceder e a partir da denúncia protocolada, a coordenação tomaria as medidas cabíveis.
“A Universidade tem seus procedimentos legais, existe uma ouvidoria na qual é feita a denúncia e posteriormente é aberto um processo de apuração dos fatos, junto a uma comissão. Os alunos me procuraram para relatar a situação em que eles vivenciaram com o professor e eu orientei que eles fizessem a denúncia pelos meios legais da Universidade”, garantiu Lucena.
Desta forma, a coordenadora do curso de Jornalismo disse que o professor pode ser penalizado de alguma forma: “Eu, como coordenadora, o que posso fazer é encaminhar para a reitoria pedindo uma sindicância e que seja aberto um processo de apuração. Sendo comprovados os fatos, o professor será de certa forma punido por tal comportamento, que fere a integridade humana”, explicou a professora.
Em nota, o Centro Acadêmico do Curso de Jornalismo repudiou qualquer discurso de ódio dos docentes e discentes da Ufac:
Nota do Centro Acadêmico:
O Centro Acadêmico do Curso de Jornalismo (CACJ) repudia todo e qualquer discurso de ódio por parte de docentes, discentes, servidores ou quaisquer membros da sociedade, seja no âmbito acadêmico, profissional ou social. Repudia, também, o ensino baseado em opiniões pessoais sem o devido fundamento teórico ao qual se destina a formação acadêmica.
Ressalte-se que o CACJ tem ciência da relação construída entre alunos e professores ao longo dos 15 anos de existência do curso de Jornalismo e que tal atitude destoa da imagem ora fortalecida e que a cada dia cresce em prol do bem-estar individual e coletivo baseado no respeito mútuo.
Como jornalistas em processo de formação, aprendemos que é nosso dever ético opor-se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão, bem como defender os princípios expressos na Declaração Universal dos Direitos do Homem e estaremos acompanhando o desenrolar dos procedimentos e tomando as providências cabíveis.
Rio Branco, Acre – 18 de julho de 2017
Centro Acadêmico do Curso de Jornalismo