Família diz que a polícia não tem feito buscas e suspeita de uma pessoa dona da fazenda. Os dois homens sumiram no dia 8 de junho após saírem para comprar gados.
Há um mês, os familiares de Fernando de Oliveira e Jean Carlos de Almeida, de 54 e 42 anos, respectivamente, vivem dias angustiantes sem resposta sobre o paradeiro da dupla que sumiu no dia 8 de junho após sair para comprar gado no Ramal do Mutum, zona rural de Rio Branco.
Ao G1, a filha de Almeida diz não acreditar que os dois estejam vivos e acusa a Polícia Civil de não dar atenção ao caso. O G1 tentou um posicionamento da Polícia Civil e do delegado do caso, mas não obeteve retorno até esta publicação.
A motocicleta que os dois estavam foi encontrada dois dias após o sumiço dentro de um igarapé no ramal. A filha de Almeida, Tamires Leão, de 23 anos, acredita que os dois tenham sofrido uma emboscada e que estão enterrados dentro da propriedade onde foram pegar os bois.
“Na quinta-feira [8 de junho], quando ele foi para dentro do Mutum às 15h, ele ligou para a sobrinha da ex-mulher dele às 16h. Ela atendeu e disse que ouviu uma respiração ofegante, de uma pessoa já quase morrendo e muita cansada do telefone. Logo depois, ouviu um barulho e algumas pessoas perguntando para quem ele estava ligando. Em seguida, desligaram o telefone”, relata.
O fato novo foi relatado ao delegado do caso, Fabrizzio Sobreira, segundo Tamires. Porém, ela alega que o delegado diz que não há provas de crime.
“Quando ela ligou [pessoa que vendeu o gado para a dupla] para meu pai, meu avô escutou toda a conversa. A pessoa estava muita interessada que ele fosse lá. E na quinta, dia do crime, ela passou o dia ligando. Com tudo isso, o delegado diz que não tem prova? Que não tem crime? Um mês e um dia que dois seres humanos estão desaparecidos e vivos eles não estão”, desabafa.
Tamires conta que os pais de Almeida, que são idosos, têm apresentado problemas de saúde desde o desparecimento do filho. “Minha avó é muito idosa e está sofrendo muito, não come e nem dorme mais. A gente tem que estar com ela o tempo todo, porque ela se desespera. O meu avô tem 80 anos e chora muito e eu, filha, mais ainda, nossa família está angustiada”, fala.
No dia 12 de junho, a Polícia Civil informou que a dupla tinha passagem na polícia por furto e receptação de gado. A filha conta que pediu várias vezes que o delegado mostrasse o boletim de ocorrência contra Almeida, mas, alega que isso não foi feito.
“Toda vez que vamos na delegacia e que o delegado resolve nos atender, ele fala sobre essa receptação de gado. Pedi para me mostrar o boletim, mas ele não mostra. Se sou filha e existe essa denúncia, eu tenho o direito de saber. E outra, não quero saber de receptação, quero saber, pelo menos, dos ossos do meu pai para a família ter cosnciência que ele morreu e dar um enterro digno”, diz.
A família quer que a polícia faça buscas nas terras da pessoa suspeita. Tamires diz que até máquinas para secar o açude da propriedade a família conseguiu. “A gente pediu a quebra do sigilo telefônico do meu pai, porque no dia, essa pessoa, que a gente tem certeza que ela é culpada, ligou muito para meu pai perguntando se ele ia”, finaliza.