Amigo de Bruno Borges, que foi detido, nega plano de marketing e diz que jovem tinha sonhos lúcidos

Em entrevista exclusiva exibida nesta segunda-feira (3), o estudante de psicologia Marcelo Ferreira, de 22 anos, que chegou a ser detido no final de maio por falso testemunho, contou como conheceu Bruno Borges e desmentiu que o sumiço do jovem, ocorrido no dia 27 de março, faça parte de um plano de marketing para vender as obras do estudante de 25 anos.


Antes de sumir, Borges deixou em seu quarto apenas uma estátua de 2 metros do filósofo Giordano Bruno (1548-1600), mensagens nas paredes e 14 livros criptografados.


Outro amigo de Borges, que também foi indiciado por falso testemunho e roubo foi Márcio Gaiote. O jovem, que mora na Bahia, devia ter comparecido para depor na delegacia de Rio Branco no dia 6 de junho. Como não apareceu, o indiciamento foi feito indiretamente, conforme explicou o delegado responsável pelo caso, Alcino Júnior.


Marcelo Ferreira ajudou o amigo a construir o quarto que chamou a atenção do mundo. Foram 20 dias de parceria entre Bruno e ele até que tudo fosse organizado antes do sumiço do jovem.


O encontro foi na casa do estudante desaparecido. A equipe de reportagem e Ferreira foram recebidos pela mãe de Bruno, Denis Borges e pela irmã dele, Gabriela Borges. No quarto do jovem, Ferreira disse que Bruno não tinha intenção de criar um marketing e que apenas queria ajudar os amigos.


Ele se refere aos contratos encontrados pela Polícia Civil durante busca e apreensão na sua casa, quando foram achados documentos deixados por Bruno destinando parte da venda dos livros para Ferreira, Gaiote e um primo de Bruno, Eduardo Borges.


“O Bruno falou: ‘Marcelo, as pessoas que acreditaram no meu sonho, elas têm que ganhar um ressarcimento, porque acreditaram em mim, e você foi um desses e merece’. Eu disse: ‘que nada, Bruno, se um dia der certo mesmo, você me ajuda do jeito que você quiser’”, relata.


Para a polícia, os contratos, e-mails e mensagens trocadas entre os amigos esclarecem o caso. O desaparecimento de Bruno foi parte de um plano para garantir a divulgação do trabalho dele, segundo alega o delegado responsável pelo caso, Alcino Sousa Júnior.


“Para a Polícia Civil, a gente encerra neste segundo momento, que é a comprovação de que não foi um homicídio, pelo menos não está comprovado. Não foi um sequestro, mas que se trata sim de uma vontade própria como já foi falado, onde existe um plano para divulgação das obras”, destaca.


Sentado ao lado das obras deixadas por Bruno, o amigo conta que o conheceu porque tinham amigos em comum.
“Conheci o Bruno nos períodos iniciais da faculdade, provavelmente por volta de 2013 e, quando conheci ele, não chegamos nem comentar sobre o projeto. Ele faria uma festa na casa dele e, no caso, conheci ele através de um amigo em comum. Ele me chamou para essa festa e participamos de um diálogo extenso, conversamos muito sobre sonhos lúcidos. E eu disse para ele que tinha muitos sonhos lúcidos e de forma gradativa, mas que na minha infância tinha diariamente. E foi aí que esse diálogo se estendeu porque ele também tinha e, além dos sonhos lúcidos, tinham as projeções”, conta Ferreira.


Também foi na faculdade que Marcelo recebeu o primeiro convite para participar do projeto Enzo – nome dado pelo próprio Bruno à obra dele. “Ele falava que estava desenvolvendo várias teorias, que envolviam a filosofia, cosmologia e a metafísica, que publicaria e revolucionaria o mundo essa teoria”, relata.


Apesar de todo esse tempo junto trabalhando no quarto, Ferreira diz que tudo foi feito pelo próprio Bruno e que apenas ajudava com alguns detalhes.


“Na totalidade disso tudo aqui, Bruno é o maior percursor. Ele que fez praticamente tudo que está aqui e é tudo dele. As obras são dele, ele quem escreveu, que quem desenvolveu as criptografias. A a única parte que tenho nesse projeto é o auxílio. Tanto nas partes que foram emplastificadas e algumas criptografias, não muitas. Ele sempre dizia que o planeta ia conhecer as obras dele”, revela.


Apesar da amizade, Ferreira diz que nunca soube que o Bruno sumiria e nem sabe onde ele está. O mistério sobre o que significam todas as mensagens e símbolos deixados pelo jovem continuam sem resposta, assim como o paradeiro de Bruno de Borges. Com informações g1



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