Alunos de jornalismo da Ufac acusam professor de homofobia durante aula

Estudantes dizem que, no último dia 12, docente teria falado frases preconceituosas. Alunos dizem que fizeram denúncia na ouvidoria da instituição.

Alunos de jornalismo da Universidade Federal do Acre (Ufac) divulgaram, nesta terça-feira (18), uma nota de repúdio contra um dos professores do curso em Rio Branco. No último dia 12, o docente teria feito afirmações de cunho homofóbico durante uma aula de sociologia da comunicação ministrada no segundo período.


“Com discurso claramente homofóbico, o citado professor fez as seguintes afirmações: ‘os homossexuais inventaram a Aids’, ‘mulheres lésbicas são frutos de abusos dos pais’, ‘homossexualidade é anomalia genética’, ‘gays não podem adotar’ e finalizou com ‘ser gay é uma opção’”, diz a nota, que é assinada pelo Centro Acadêmico.


G1 tentou entrar em contato com o professor pelo telefone e por redes sociais, mas não obteve resposta até esta publicação. A Ufac, por meio da assessoria de imprensa, informou que deve se pronunciar sobre o caso após receber a oficialização de denúncia contra o profissional.


Um dos alunos do segundo período de Jornalismo, que optou por não ter o nome divulgado, conta que a aula era sobre as mudanças causadas pelo capitalismo. O problema começou, de acordo com ele, quando o professor passou a falar opiniões pessoais sobre alguns assuntos.


“Começou quando ele disse que adoção para gays, por não poderem se reproduzir, dever ser extinta. Eu rebati e ele falou que ser gay é uma anomalia genética e também falou de mulheres lésbicas. Fiquei chateado e até saí de sala”, lembra.


O estudante acrescenta que formalizou denúncia no site da instituição no setor de ouvidoria na segunda-feira (17). “Eu e alguns colegas que nos sentimos ofendidos prestamos a queixa e vamos esperar para ver que medidas vão ser tomadas”, ressalta.


Veja a nota dos alunos na íntegra:

No dia 12 de julho de 2017 os alunos do segundo período do curso Jornalismo da Universidade Federal do Acre (Ufac) vivenciaram uma situação abusiva dentro da sala de aula. O professor de Sociologia da Comunicação, no exercício de suas atividades docentes, proferiu discurso que fere princípios básicos da dignidade da pessoa humana. Com discurso claramente homofóbico, o citado professor fez as seguintes afirmações: “os homossexuais inventaram a AIDS”, “mulheres lésbicas são frutos de abusos dos pais”, “homossexualidade é uma anomalia genética”, “gays não podem adotar” e finalizou com “ser gay é uma opção”. Ao ser questionado por um dos alunos presentes, o docente respondeu: “eu não sabia que aqui nessa sala tinha essas coisas”, referindo-se aos alunos homossexuais da sala como meros objetos.


O Centro Acadêmico do Curso de Jornalismo (CACJ) repudia todo e qualquer discurso de ódio por parte de docentes, discentes, servidores ou quaisquer membros da sociedade, seja no âmbito acadêmico, profissional ou social. Repudia, também, o ensino baseado em opiniões pessoais sem o devido fundamento teórico ao qual se destina a formação acadêmica.


Ressalte-se que o CACJ tem ciência da relação construída entre alunos e professores ao longo dos 15 anos de existência do curso de Jornalismo e que tal atitude destoa da imagem ora fortalecida e que a cada dia cresce em prol do bem-estar individual e coletivo baseado no respeito mútuo.


Como jornalistas em processo de formação, aprendemos que é nosso dever ético opor-se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão, bem como defender os princípios expressos na Declaração Universal dos Direitos do Homem e estaremos acompanhando o desenrolar dos procedimentos e tomando as providências cabíveis.


Rio Branco, Acre – 18 de julho de 2017


Centro Acadêmico do Curso de Jornalismo


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