Se correr uma competição em superfície normal já é desafiador, imagina fazer o mesmo nas mais altas montanhas e altitudes? O trail running é um esporte de desafios e superações que consiste em correr “fora de pista”, por trilhas de montanha ou caminhos secundários, através de montanhas e colinas, cruzando riachos e rios, com subidas e descidas íngremes.
Aqui no Acre a reportagem descobriu a história incrível do atleta acreano de Epitaciolândia, Elder Moura, de 32 anos, que já percorreu as principais montanhas da América do Sul. Apaixonado pelas montanhas, ele conta como começou a relação com o esporte.
“Eu pratico esse esporte há quase seis anos e o meu interesse está muito relacionado com a minha paixão pelas montanhas que começou em 2011, quando fui pra Cusco e lá eu fiz uma trilha até Machu Picchu, foram quatro dias caminhando pelas montanhas. Foi a partir daí que surgiu esse interesse e cinco meses depois eu já estava fazendo a minha primeira corrida de montanha que foi no Deserto do Atacama”, explicou.
Moura sempre gostou de correr, mas foi a partir da primeira corrida de montanha em 2012 que ele passou a praticar a modalidade ‘trail runnig’. A partir daí ele já correu nas principais montanhas da América do Sul, como Patagônia Argentina, Patagônia Chilena, nas Cordilheiras dos Andes argentina, chilena e boliviana, e já correu também no Vale Nevado, na Estrada da Morte (Bolívia), Vale Sagrado (Peru), entre outros lugares.
Quanto à paixão pelas montanhas, Elder conta que elas são fáceis de se apaixonar, não só pela beleza, mas também pela boa energia que elas transmitem. “É algo que nem me deixa muito surpreso ter me apaixonado pelas montanhas. Além da beleza que você tem a oportunidade de ver e interagir, existe o lado espiritual, estar nas montanhas nos passa uma sensação muito boa de paz, tranquilidade, é um lugar muito bom pra refletir”, disse.
Desafios das montanhas
As provas do trail running se classificam entre baixa, média e alta montanha, o que as diferem é altitude de cada uma. A primeira são aquelas que estão há 2.000 metros em relação ao nível do mar, a segunda de 2.000 a 3.000 e a terceira são as montanhas que estão acima de 3.000 metros ao nível do mar.
Afim de superar os desafios e ultrapassar os graus de dificuldades encontrados no esporte, Moura vem se dedicando às corridas de alta montanha desde 2015 e, para ele, não existe uma prova mais difícil que a outra, e que todas já percorridas são consideradas muito difíceis por uma série de fatores que precisam ser superados durante a corrida.
“A dificuldade não é só em relação ao terreno, ou a corrida na montanha em si, mas principalmente pela baixa oferta de oxigênio em uma altitude de mais de 4.000 metros em relação ao nível do mar, por exemplo, a refração de oxigênio já cai pra 60% e ao mesmo tempo cai a sua resposta fisiológica. Ou seja, você pode estar com 100% do seu condicionamento físico, no entanto só vai responder com esses 60% da sua capacidade. Então todas as corridas de montanhas eu considero extremamente difíceis”, explicou.
Este ano o ‘corredor de montanha’ foi ainda mais além. Moura teve a oportunidade de correr na ultramaratona “Andes Infernal”, realizada no Chile e catalogada como a mais alta do mundo, chegando a 5.400 metros de altitude.
O esporte no Acre
Não é de se espantar que o trail running não seja um esporte muito conhecido ou praticado no Estado, apesar de fazer fronteira com dois países onde existem muitas montanhas, aqui essa prática é fora da realidade geográfica e natural.
De acordo com Moura, se conta nos dedos as pessoas que correm montanha e ultramaratona de alta montanha, além dele, ele só conhece outro atleta que mora em Rio Branco. Nas ultramaratonas, Elder explica que as pessoas vibram mais com o último corredor do que com o primeiro propriamente, por conseguirem finalizar uma prova tão desafiadora.
“Nas ultramaratonas existe essa peculiaridade, de vibrar pelo último corredor, pois todos que estão ali entendem o grau de dificuldade que é correr essa prova e sabem que o último corredor foi com certeza o que mais sofreu pra conseguir aquele objetivo. Então isso é interessante você entender o que o outro teve que superar para chegar até o final. Com isso todos são grandes vencedores”, disse. Com informações Alamara Barros