Dados divulgados pelo Atlas da Violência 2017 mostram que de cada 100 pessoas que sofrem homicídio no Brasil 71 são negras. A estimativa é que um cidadão negro possui chances 23,5% maiores de ser assassinado em comparação com cidadãos de outras raças/cores – já descontado o efeito da idade, sexo, escolaridade, estado civil e bairro de residência.
No Acre, o aumento no número de homicídios entre os negros nos anos de 2005 e 2015 foi de 69,8%, enquanto o de indivíduos não negros diminuiu em 25,0%. O número mais alarmante aparece no Rio Grande do Norte, onde no mesmo período o aumento foi de 331,8%. Ao calcular a probabilidade de cada cidadão sofrer homicídio, os autores da pesquisa concluíram que os negros respondem por 78,9% dos indivíduos pertencentes ao grupo dos 10% com mais chances de serem vítimas fatais.
Esse caráter discriminatório que vitima proporcionalmente mais a juventude negra também foi documentado no estudo “Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade”. Neste trabalho, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública incorporou um indicador de desigualdade racial ao indicador sintético de vulnerabilidade à violência dos jovens (mortalidade por homicídios, por acidente de trânsito, frequência à escola e situação de emprego, pobreza e desigualdade).
Foi constatado que em todas as Unidades da Federação, com exceção do Paraná, os negros com idade entre 12 e 29 anos apresentavam mais risco de exposição à violência que os brancos na mesma faixa-etária. Em 2012, o risco relativo de um jovem negro ser vítima de homicídio era 2,6 vezes maior do que um jovem branco.
O Atlas da Violência 2017 foi elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), levando em consideração o comparativo de dados de 2005 a 2015. Com informações Nany Damasceno