Um julgamento que durou mais de 12 horas. De um lado, o Ministério Público do Acre (MP/AC) alegava que Kennedy Magalhães foi, sim, o responsável por atirar no policial militar Alexandro Santos, morto em agosto do ano passado. Do outro, a Defesa alegava que houve, além de erros na investigação, abuso de autoridade por parte da polícia e, ainda, revelou uma série de perícias que inocentavam o acusado.
Uma das testemunhas, cujo nome não pode ser divulgado, mas que é policial militar e estava acompanhado o cabo assassinado no momento do crime, afirmou que nenhum dos militares teve suas mãos periciadas. É essa a tese sustentada pelo advogado Sanderson Moura, que defende o réu. Aliás, apenas Kennedy passou pela perícia.
“O processo é sempre uma interpretação. Cabe ao Jurado entender. Estamos defendendo a negativa de autoria, e também outra tese subsidiária. Se for para distribuir culpa nesse processo, não só o Kaneddy tem culpa. Naquele momento [da abordagem], ele não estava cometendo crime algum”, acredita o defensor de Magalhães, Sanderson Moura, ao relatar que houve uma série de vícios durante o processo.
O promotor Rodrigo Curti, representante do Ministério Público do Acre, não quis gravar entrevista com a imprensa. O promotor preferiu manter apenas as explanações feitas em Juízo, alegando, sempre, que Kennedy era o responsável pelo crime e que, por isso, deveria ser condenado e preso. Tanto é que apelou várias vezes ao vídeo que mostra a abordagem feita pelos policiais e o momento do disparo.
O que chamou a atenção é que as testemunhas, especificamente os policiais militares, afirmaram que não conheciam Kennedy. Um deles, contudo, disse já ter visto o carro na região em que houve a abordagem, mas não sabia quem era o proprietário. O militar também afirmou que a abordagem ao rapaz foi feita porque ele virou uma esquina [da casa dele] rapidamente, chamando a atenção.
Questionadas pelo advogado Sanderson Moura, as testemunhas não souberam dizer se havia ou não drogas ou produtos roubados no interior do veículo em que Magalhães estava. Pelo contrário, um dos policiais que estava na abordagem informou que havia algo mais importante a se preocupar naquele momento: o colega de farda que estava ferido.
Por unanimidade, o Tribunal do Juri decidiu condenar Kennedy Santos a 17 anos de prisão, inicialmente em regime fechado. Agora, a Defesa do réu deve recorrer à Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Acre (TJ/AC). Com informações ac24horas