O juiz Clovis Lodi, da Comarca de Epitaciolândia, mandou soltar os suspeitos de sequestrar o irmão do ex-deputado estadual Ronald Polanco, em Brasiléia, no início de junho. Para ter o fazendeiro libertado, a família precisou desembolsar R$ 150 mil, valor exigido pelos sequestradores que, segundo investigação, são todos brasileiros.
O que chamou a atenção na decisão do magistrado é que, na avaliação dele, os supostos criminosos não poderiam permanecer presos porque estavam fora do flagrante, e o delegado Roberto de Lucena, ao conduzir dois deles à delegacia, agiu fora da lei. Não bastasse, mandou que o Ministério Público do Acre (MP/AC) e a Corregedoria da Polícia Civil abra procedimento que apure a conduta do delegado.
A reportagem conversou com o delegado nesta quarta-feira, dia 21, mas ele não quis comentar sobre o pedido de investigação contra ele. Lucena disse que os investigados foram levados à delegacia, sob um procedimento legal, apenas para averiguação. Eles confessaram o crime e entregaram objetos pessoais da vítima e outros comprados com o dinheiro do resgate.
“Essas pessoas não ficaram presas, mas ficaram para a investigação. Eu entendo que sim [é um procedimento legal]. Eles confessaram o crime. Nós estávamos atrás dos outros comparsas, o restante do dinheiro, essas coisas”, explicou o delegado ao dizer que outras pessoas podem estar envolvidas no caso. “Estávamos nessa investigação, mas tivemos que parar”, completa sem explicar o por quê.
A Secretaria de Polícia Civil do Acre (SEPC) não comentou o assunto. Já a Associação dos Delegados informou que acionou a equipe jurídica para acompanhar o caso e dar assistência ao delegado.
Procurado, o Tribunal de Justiça do Acre (TJ/AC) não respondeu aos questionamentos do site. O juiz Clovis Lodi também não foi encontrado no Fórum de Brasiléia, onde funciona o gabinete dele. Os contatos foram feitos na terça e quarta-feira, mas sem sucesso. Nenhum familiar da vítima quis gravar entrevista sobre o caso.