Homem é detido em evento de hip hop e PM é acusada de truculência no Acre

Confusão ocorreu na noite de domingo (25) no Cacimbão, em Rio Branco. Polícia Militar diz que foi acionada por vizinhos que reclamavam do barulho.

Uma batalha de hip hop terminou em confusão com a Polícia Militar, no Cacimbão, em Rio Branco, no domingo (25). O professor Jorge Nobre, de 28 anos, foi detido por desacato e levado à delegacia. O movimento que organizou o evento acusa os policiais de truculência e abuso de poder. As imagens ganharam repercussão nas redes sociais, com 6,8 mil visualizações.


Ao G1, a assessoria de comunicação da PM-AC informou que uma guarnição foi acionada por vizinhos ao Cacimbão, que reclamavam da altura do som. A corporação confirmou que a organização possuía autorização para a batalha, mas o horário havia sido ultrapassado. A polícia não falou sobre os supostos xingamentos ditos por parte dos militares.


O professor afirma que, apesar de não participar diretamente da organização do evento, se aproximou para conversar com os policiais. Segundo ele, houve acordo para que o volume fosse diminuído. No entanto, os militares passaram a ofender alguns participantes. A confusão ocorreu entre 22h30 e 23h.


“Os policiais não gostaram de ser questionados e dois deles começaram a me xingar e eu devolvi os xingamentos. Por isso, eles me enquadraram por desacato. Fui levado para a Delegacia de Flagrantes [Defla] e fiquei em torno de duas horas e meia algemado. Disseram que fui preso porque eu ‘era gaiato’”, diz.


Nobre acrescenta que, depois de ser ouvido pelo delegado, foi liberado. “Estive na corregedoria, registrei ocorrência contra a guarnição, contra a PM e policiais individualmente. Vou entrar com advogado por danos morais”, complementa.


Professor chegou a ser detido em confusão em Rio Branco (Foto: Reprodução)

Professor chegou a ser detido em confusão em Rio Branco (Foto: Reprodução)


Samy Andrade, um dos organizadores da batalha, confirma que houve atraso no início da atividade, devido a problemas para ligar a aparelhagem de som. Porém, de acordo com o ele, os policiais se excederam com o professor e o problema foi desencadeado.


“Não é a primeira vez que acontece. Dessa vez, eles [policiais] levaram [alguém]. Na próxima vez, eles podem bater e atirar. Vários MCs estavam lá para crescer em muitas situações. Muitos voltaram a estudar, estão na faculdade, pararam de usar drogas. É uma coisa que acontece todos os dias essas batalhas de rimas”, fala.


Integrante do movimento hip hop há mais de uma década, Israel Batista, que também estava no Cacimbão, afirma existir um tipo de perseguição contra o segmento musical na cidade. Problemas da mesma natureza costumam acontecer também em eventos nos bairros.


“Achamos lamentável, porque acaba sendo uma perseguição. Em todos os eventos que temos feito, a polícia vai e pede para baixarmos o som, mesmo quando usamos caixas de som pequenas”, finaliza.


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