Famílias são despejadas durante reintegração de posse no bairro Santa Cecília, em Rio Branco

Propriedade foi ocupada por 52 famílias, mas apenas cinco ainda estavam no local. Moradores alegam que dono não tem documento de compra e venda; Reportagem não conseguiu contato com o proprietário.

Moradores de uma invasão no bairro Santa Cecília, em Rio Branco, acordaram na manhã desta segunda-feira (26) com o barulho de motosserras. É que a propriedade, ocupada por 52 famílias há dois anos, foi reintegrada para o dono. Das 52, apenas cinco famílias ainda estavam no local e tiveram as casas derrubadas. Segundo os moradores, a ordem de despejo é de abril deste ano, mas foi cumprida apenas nesta segunda.


A Polícia Militar do Acre (PM-AC) esteve no local e acompanhou o oficial de Justiça. O G1 entrou em contato, por meio de dois números de telefones descritos no mandado de reintegração de posse com o dono da propriedade, mas não obteve sucesso até a publicação desta matéria.


Ainda segundo os moradores, a terra está no nome de uma família, porém, foi outra pessoa que entrou na Justiça solicitando o local. “O suposto dono disse que comprou, mas não tem documento. Diz que é dele, mas não tem documento, não sabemos o que está acontecendo. A família que vendeu a terra está na Justiça com a gente. Queremos entender o porquê a juíza não deu a oportunidade de ouvir a gente”, disse a agente de saúde Francisca Costa, de 37 anos.


Francisca contou ainda que as famílias começaram a sair logo que entregaram a ordem de despejo, em abril. Ela afirmou que foi contratado um advogado, elaborado um mapa da terra e enviado para a Justiça, porém, as famílias alegam que nunca tiveram uma audiência sobre o caso.


Claudemar resolveu retirar ele mesmo a maderia da casa (Foto: Aline Nascimento/G1)

Claudemar resolveu retirar ele mesmo a maderia da casa (Foto: Aline Nascimento/G1)


“Tentamos negociar com ele, mas não quis e fomos para a Justiça. Depois de seis meses teve a primeira audiência para ouvir ele e duas testemunhas dele. As testemunhas falaram na frente da juíza que foi cedido apenas um terreno para ele. Nunca morou aqui. Disseram que a gente ia ser ouvido, mas nunca teve audiência com a gente, nunca nos ouviram”, alegou.


O vigilante Márcio Costa, de 37 anos, precisou arrumar os móveis as pressas depois que viu as máquinas derrubando as casas. Ele, que mora com a mulher, disse que vai ter que voltar para a casa da irmã, que mora no mesmo bairro. “Tenho que deixar tudo, fazer o que?”, lamentou.


Já o autônomo Claudemar da Silva, de 53 anos, tinha saído da casa e mudado com a família para uma casa empresta após receber a ordem de despejo, porém, tinha começado a retornar para o local nesta segunda quando os funcionários do dono chegaram.


“Estava aqui há quase cinco anos. Estou em uma casa emprestada e estava começando a construir de novo quando chegou esse pessoal aqui. Ele [proprietário] alega que é dele, mas não tem nenhum documento. Aqui é área verde. Essa parte é área verde. Não sei para onde vou”, reclamou.


Moradores da invasão no bairro Santa Cecília foram despejado na manhã desta segunda (26) (Foto: Aline Nascimento/G1)

Moradores da invasão no bairro Santa Cecília foram despejado na manhã desta segunda (26) (Foto: Aline Nascimento/G1)


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