A família do estudante de psicologia Bruno Borges, de 25 anos, desaparecido desde o dia 27 de março, fechou acordo com uma editora para a publicação dos livros do jovem. Antes de sumir, o acreano deixou 14 livros criptografados – alguns escritos nas paredes, chão e teto – no quarto da casa onde mora em Rio Branco.
O pai do estudante, o empresário Athos Borges, afirmou que o livro que vai ser publicado é o primeiro na ordem estabelecida pelo filho – “Teoria de Absorção de Conhecimentos (TAC)”. A data, de acordo com o pai, fica a critério da editora que comprou os direitos das obras. O nome da empresa também não foi divulgado.
“Não tem previsão de lançamento, depende da editora. Vai ser lançado [e-book e físico] tudo junto. Dependemos da editora que comprou os direitos. Vai ser feito da maneira dela, ela vai decidir como vai ser o lançamento”, acrescenta.
A família chegou a divulgar uma sinopse sobre o livro. Trata-se de uma metodologia para potencializar a absorção e criação de conhecimentos. Uma das práticas seria o “isolamento”, capaz de potencializar a espiritualidade e os órgãos sensoriais para gerar insights produtores de conhecimentos.
Amigo detido
Em maio, Marcelo Ferreira, de 22 anos, amigo de Bruno Borges, foi detido pela polícia pelo crime de falso testemunho. Na casa dele, a Polícia Civil encontrou dois contratos – um deles autenticado no dia do desaparecimento – que estabeleciam porcentagens de lucros com a venda dos livros.
Policiais encontraram móveis do quarto do estudante na casa de outro amigo, Bruno Gaiote, que também teria participado na logística. Gaiote foi comunicado, mas não compareceu à delegacia. Ele mora na Bahia. Por isso, a polícia anunciou que ele deve ser indiciado por furto e também falso testemunho.
Relembre a história
A última vez que os parentes viram Bruno foi durante um almoço no dia 27 de março. No quarto do rapaz, além dos livros, foi deixada uma estátua do filósofo Giordano Bruno (1548-1600). Os móveis e objetos pessoais não estavam no local.
A retirada das coisas, inscrições na parede e chegada da estátua foram feitas em um período de pouco mais de 20 dias, tempo que os pais dele viajavam de férias. Os irmãos afirmaram, à época, que o quarto sempre permaneceu fechado.
O artista plástico Jorge Rivasplata, autor da estátua, disse que recebeu inicialmente R$ 7 mil e, em seguida, mais R$ 3 mil. Quem custeou todo o projeto foi o primo do jovem, o médico oftalmologista Eduardo Velloso. Ele afirmou que transferiu R$ 20 mil para a conta de Bruno, mesmo sem saber detalhes do trabalho.
Caio Fulgêncio