Ainda abalada com a morte do marido, o cabo Alexandro dos Santos, de 36 anos, baleado durante uma abordagem policial em Rio Branco, a dona de casa Nara Aline Santos, de 25 anos, aguarda ansiosa pelo julgamento do acusado do crime. O júri popular de Kennedy Silva Magalhães está marcado para esta quarta-feira (7) na 2ª Vara do Tribunal do Júri, em Rio Branco.
Conforme o Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC), a denúncia oferecida pelo Ministério Público do Acre (MP-AC), em 8 de setembro de 2016, apontou Magalhães como o responsável por cometer homicídio qualificado.
“Espero que se resolva logo amanhã, que não se prolongue mais isso. Está todo mundo ansioso, esse júri mobilizou toda nossa família. O que a gente espera é que seja feita justiça e que ele pegue a pena máxima que for possível e que garanta que ele fique bastante tempo onde é para ele ficar, que é preso”, disse a mulher do PM.
Em entrevista, nesta terça (6), Nara lembrou que há nove meses tem que conviver sem o marido. Entre lágrimas, ela falou sobre a dificuldade de confortar o filho do casal, de apenas três anos, que pergunta todos os dias pelo pai.
“Esses nove meses são só o número, porque todo dia parece que foi ontem. Meu marido deixou um filho de três anos, que pergunta todos os dias pelo pai. Além de eu ter que me confortar, tenho que confortar meu filho. É muito difícil ouvir a criança chamar pelo pai e o pai não aparecer”, lamentou Nara.
O advogado assistente de acusação, Wellington Silva, informou que Kennedy Silva Magalhães está sendo processado por homicídio qualificado, por ter matado um agente de segurança pública em serviço. Segundo Silva, a previsão é de que ao menos 11 pessoas façam parte do júri, sendo cinco testemunhas de defesa e seis de acusação.
“Somos advogados da associação dos militares do Acre. Estamos auxiliando o Ministério Público para garantir a condenação do Kennedy, porque houve um clamor social perante a tropa da Polícia Militar. São 11 testemunhas que devem ser ouvidas, mais o réu e acredito que o júri vai ser bem demorado”, disse Silva.
Estamos confiantes’, diz advogado de defesa
O advogado do acusado, Sanderson Moura, afirmou que a defesa está confiante em relação às provas tanto testemunhais como periciais e acredita em um resultado ‘favorável’ e na absolvição de Magalhães.
“As expectativas são muito boas, porque primeiro que confiamos nas provas do processo, que são provas favoráveis, não só provas testemunhais, mas também periciais. Vamos abordar essas questões de forma mais minuciosa diante do júri, e essas provas são favoráveis à nossa tese de que não foi ele que disparou aquela arma. Vamos mostrar para o júri que condenar esse rapaz é um erro. Estamos confiantes”, afirmou Moura.
Entenda o caso
O cabo da PM Alexandro Aparecido dos Santos foi morto com um tiro no pescoço durante uma abordagem a três pessoas no bairro Novo Horizonte, no dia 15 de agosto de 2016. Um dos homens reagiu à ação, iniciou uma luta com policiais, conseguiu pegar uma das armas e, segundo a polícia, acabou dando um tiro que vitimou o PM.
Na época, a polícia informou que dois dos envolvidos foram presos no momento da ocorrência, incluindo o que efetuou o disparo. O terceiro homem conseguiu fugir do local. Ao reconhecer o corpo do marido no Instituto Médico Legal (IML), a mulher do cabo, Nara Aline Santos, de 25 anos, passou mal.
Após o crime, a polícia divulgou a ficha criminal do acusado. Entre os crimes descritos na ficha dele estão: tráfico de drogas, furto, furto qualificado, roubo, disparo de arma de fogo, lesão corporal dolosa, ameaças, falta de permissão ou habilitação para dirigir, um homicídio doloso na forma tentada e homicídio doloso. São mais de 25 passagens.
Em 11 de outubro de 2016, a 2ª Vara do Tribunal do Júri, em Rio Branco, determinou o prazo de cinco dias úteis para que fosse realizada perícia no vídeo em que o policial militar aparece sendo baleado durante uma abordagem. O objetivo, segundo o TJ-AC era detectar a autenticidade das imagens. O resultado da perícia foi divulgado em 14 de dezembro do ano passado e revelou que o vídeo não passou por edição.
O diretor do Instituto de Criminalista do Acre, Aleksandr Barros, explicou na época que a perícia analisou os “frames” do vídeo, ou seja, quadro a quadro da gravação, foi possível constatar que em certo momento o acusado tirou algo do colete do PM.
Porém, alega que não foi possível materializar a mão de Magalhães segurando a arma. Ele explica que o policial percebeu que Magalhães pegou algo do colete e segurou a mão do acusado. Com informações g1acre