Daniele Souza foi agredida por uma presa da unidade feminina do FOC, em Rio Branco. Servidora deve retornar ao médico daqui a 15 dias e saber se vai ser preciso amputar a mão esquerda.
*Por G1 AC
A agente penitenciária Daniele Souza, de 43 anos, ainda se recupera do ferimento provocado por uma presa na noite de quarta-feira (31) na Unidade Feminina do Complexo Prisional Francisco d’Oliveira Conde (FOC), em Rio Branco. A servidora perdeu parte de um dedo da mão esquerda quando uma presa deu um chute na grade e prendeu o dedo de Daniele na parede. Ela disse que pode perder o dedo inteiro e até parte da mão. A servidora faz parte do quadro de agentes contratadas provisoriamente em 2016 para trabalhar no presídio.
Devido a agressão, um grupo de agentes penitenciárias fez um ato em frente do presídio na quinta (1°) e suspenderam a visita íntima da unidade feminina. Após o ato, as servidores se encontraram com a juíza da Vara de Execuções Penais, Luana Campos, que garantiu a transferência da presa responsável pela agressão e o isolamento das demais no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).
“A Carolina Holanda, que é chefe da facção, estava passando mal e a gente foi tirar ela da cela. Ela comanda as presas dentro da cela. Uma detenta deu o chute e prendeu minha mão. Isso foi o que a outra agente me disse, não vi nada”, contou.
Daniele explicou que tinham oito presas dentro da cela e três agentes penitenciárias. A presa que estava passando mal saiu amparada por mais duas detentas, quando as agentes foram fechar a cela. A servidora nega que tenha agido de forma negligente durante o procedimento.
“O procedimento é assim. Temos que segurar a grade com a mão e forçar com o pé para elas não virem para cima da gente. Acho que foi devido, como falam na facção, a mãe está passando mal. Acho que ficaram muito agitadas e quando tiramos a mãe da facção uma deles ficou com raiva e chutou. Não sei se percebeu que minha mão estava lá, se fez de propósito”, comentou.
A servidora explicou ainda que precisa esperar 15 dias para retornar no médico e saber qual o próximo passo do tratamento. Ainda de acordo com Daniele, o osso do dedo atingido foi estraçalhado. Ela diz que não sabe se vai voltar a trabalhar, mas que pretende acionar a Justiça para não ficar desamparada após o fim do contrato.
“Ainda está complicado. O médico vai me avaliar e corre o risco de eu perder o resto do dedo e até a mão. Estou péssima. Uma mistura de ódio, raiva, vingança. A ficha não caiu, agente nunca imagina que vá acontecer com a gente, porque nós provisórias só tentamos agilizar as coisas ali porque é muito difícil você trabalhar em uma sistema que não te dá condições”, concluiu.