A autora de novelas Glória Perez deu uma entrevista ao site Tititi afirmando que tem consciência da importância das causas que levanta em suas novelas. Perez, que é conhecida por sempre abordar temas polêmicos em suas obras, busca combater o preconceito contra os transexuais em “A Força do Querer”, atualmente em cartaz na Rede Globo.
Em “A Força do Querer”, a autora está provocando discussões e reflexões sobre o tema da transexualidade. Segundo Perez, o objetivo é promover alertas e ações sociais, amenizar sofrimentos, salvar pessoas e quebrar preconceitos. Para ela, novela não é só entretenimento, é também serviço.
O Brasil é país que mais mata trans e travestis no mundo, de acordo com o levantamento da organização não governamental Transgender Europe (TGEU). A partir dessa dado alarmante, Glória Perez conta na novela a de Ivana (Carol Duarte), uma jovem que passará por um processo de transição de gênero.
“Todas as minhas novelas têm a tolerância como síntese. Sempre falei sobre a dificuldade de aceitar o diferente, de ir além do próprio umbigo”, revela ela sem temer uma eventual rejeição do público diante do tema, considerado um tabu. “Claro, vou dar ouvidos ao telespectador, não para mudar o rumo da história, mas sim para saber se o que quero dizer está chegando da maneira que planejei. Se por acaso eu estiver errada, vou encontrar uma outra maneira de falar disso!”, diz.
Em relação a uma possível rejeição a Ivana, a autora conta que começou a trama da personagem de trás, “desde o atordoamento em relação ao corpo, para as pessoas irem criando essa compreensão do que é o transexual”. “Quando você levanta bandeira demais, cria uma antipatia. Já notei isso. A novela cria uma intimidade muito grande do público com o personagem, tanto que as pessoas são muito intrometidas. Elas mexem com o ator na rua, dão conselhos”, explica.
Sobre o merchandising social, a autora é bastante orgulhosa do resultado de suas novelas. “Tenho a consciência de que posso salvar vidas”, decreta Perez. “Espero criar uma empatia entre o público e os transexuais, para que estes possam ser olhados com mais compaixão. Consegui isso com os dependentes químicos em “O Clone” (2001) e com a saúde mental em “Caminho das Índias” (2009). Tenho muito orgulho disso tudo”, afirma.
Catraca Livre