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‘Me tirou tudo’, diz mulher que sobreviveu após levar 18 facadas do ex no interior do Acre

Antônia Ferreira sofreu agressões quando saía do trabalho no dia 18 de março, em Brasileia. Acusado pelo crime foi preso próximo à casa onde morava no dia 27 de abril.

A Camareira Antônia Lima Ferreira, de 39 anos, conta que vai carregar para sempre as marcas deixadas pelas 18 facadas que levou do ex-marido, José Alberto Pinheiros, preso no último dia 27 de abril, no município de Brasileia, interior do Acre. As cicatrizes estão nas costas, braços, rosto, tórax, pescoço e na mente da mulher, que passou a ter medo de sair de casa desacompanhada após o ataque.


O crime ocorreu no dia 18 de março deste ano, quando a vítima saía do trabalho. Apesar da prisão, Antônia relata que vive temerosa e diz que o ex “tirou tudo” que ela tinha.


“Estou mais aliviada, pois agora [que ele foi preso] posso sair de casa, antes não saía. Desde que saí do hospital não ia longe de casa com medo, se saísse era sempre com alguém me acompanhando, ele me tirou tudo. Em casa, se a pessoa que estava comigo saísse, outra tinha que ficar porque eu tinha medo de ficar sozinha”, conta.


Antônia relata que a recuperação dos ferimentos é lenta e que desde o crime não consegue trabalhar, pois sente dores constantes. Além disso, teve um dos pulmões perfurados e sente falta de ar. A mulher também tenta recuperar os movimentos do braço direito que, segundo ela, segue paralisado, como se estivesse dormente.


“Tive que usar uma sonda, mas já tiraram o dreno e o ferimento está sarando. Eu mesma mexo no meu braço dormente, tento levantar, mas dói bastante. O médico falou que eu iria recuperar os movimentos aos poucos. Nas minhas costas há grandes nós onde ele deu as facadas e dói muito, sinto muita dor, direto. Não tenho previsão de quando vou retornar ao trabalho. O médico disse que somente após seis meses vou estar bem recuperada e mesmo assim disse que não vou ser a mesma pessoa, vou sentir sequelas”, relata.


Mesmo após o crime, a camareira conta que continuou sofrendo ameaças do ex e várias vezes ouviu de amigos e familiares que ele planejava “terminar o serviço”. Quando o crime ocorreu, Antônia e Pinheiros estavam separados há dez meses.


Separação

Ela conta que o ex-marido a expulsou de casa e não dividiu os bens. Desde então, foi morar na casa do pai. O homem, porém, não ficou satisfeito e começou a ser perseguir a mulher até o trabalho. Foi quando ela decidiu prestar queixa na Delegacia Geral de Brasileia, ao todo, segundo ela, foram três boletins de ocorrência registrados.


“Ficava me vigiando, insistia para que eu voltasse e eu dizia que não. Nunca passou pela minha cabeça que ele faria isso. Eu disse que não voltaria, pois ele já tinha feito muita ruindade comigo. Eu não estava mais disposta a sofrer, queria seguir a minha vida, queria viver minha vida. Pedi que ele seguisse a vida dele em frente e me deixasse em paz. Falei que ele tinha me deixado, me tirado tudo e eu só queria viver em paz”, lembra.


Após a notícia da prisão do ex-marido, Antônia disse que voltou a ter paz, mas ao mesmo tempo continua sentindo medo de ele ser libertado e voltar a procurar por ela. A camareira foca na recuperação dos ferimentos e tenta viver um dia de cada vez, mas diz que é difícil olhar para as cicatrizes e não lembrar do dia em que foi atacada.


“Espero que a justiça seja feita, que ele fique preso bastante tempo preso, pois depois do que ele fez tenho medo de ele sair da prisão e vir me atormentar de novo. Tem horas que penso nisso, que ele vai voltar a me perturbar. O médico disse que seria bom caminhar para a minha recuperação, mas como eu ia andar? Como podia sair de casa com ele me ameaçando? Voltei a ter paz e espero que continue assim”, finaliza.


Entenda o caso

A camareira Antônia Lima Ferreira, de 39 anos, levou 18 facadas do ex-marido no dia 18 de março quando saía do trabalho, em um motel, no município de Brasileia.


No dia do crime, o Corpo de Bombeiros foi acionado para atender a ocorrência. O sargento Agenário Rebouças informou, na época, que quando a equipe chegou no local, a vítima estava consciente e gritava pedindo para que não a deixassem morrer. A faca usada pelo criminoso ficou cravada no ombro da vítima.


Antônia teve um dos pulmões perfurados e perdeu muito sangue, por isso foi encaminhada para Rio Branco em estado grave. A irmã do agressor relatou à policia que ele já havia agredido a ex-mulher outras vezes e já havia sido preso pelo crime e encaminhado para o presídio Francisco d’Olivera Conde, em Rio Branco.


Ao G1, a filha da camareira relatou que a mãe tinha medo de voltar para casa. Ainda de acordo com a jovem, a mãe terminou o relacionamento várias vezes devido às agressões do ex-companheiro.


No dia 19 de abril, a polícia informou que um advogado de Pinheiro teria dito que ele se apresentaria no dia 20. Porém, ele não apareceu. O homem foi preso pela Polícia Civil no dia 27 de abril próximo a casa onde morava, em Brasileia.


Fonte: G1


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