Em uma missa dedicada aos “novos mártires” da Igreja Católica, o papa Francisco afirmou neste sábado (22) que os campos de refugiados de hoje se assemelham aos campos de concentração do nazismo.
A declaração foi dada de improviso, durante uma homilia na Basílica de San Bartolomeo all’Isola, que fica em uma ilha do rio Tibre, em Roma, e abriga um memorial em homenagem aos mártires do século 20.
“Os campos de refugiados, muitos deles são campos de concentração, com aquela multidão de gente”, disse o Pontífice, enquanto contava a história de um homem muçulmano que vivia no campo de Lesbos, na Grécia (visitado por Jorge Bergoglio em 2016), e presenciara sua mulher, cristã, ser degolada perante seus olhos por jihadistas por causa de um crucifixo.
“Não sei se aquele homem conseguiu ir para outro lugar, não sei se foi capaz de sair daquele campo de concentração”, acrescentou, destacando que gostaria de colocar um ícone em memória da mulher na Basílica de San Bartolomeo all’Isola.
Além disso, o líder da Igreja Católica criticou a “crueldade” com os imigrantes e fez uma crítica velada às nações do centro e do norte da Europa que travam as políticas de acolhimento adotadas pela União Europeia. Já do lado de fora da basílica, Francisco chamou Grécia e Itália, principais portas de entrada para imigrantes no continente, de “países generosos” e desejou que a solidariedade vista em lugares como Sicília e Lesbos contagiasse “um pouco no alto”.
“Se cada família acolhesse dois solicitantes de refúgio, haveria lugar para todos. Não fazer filhos e fechar a porta aos imigrantes, isso se chama suicídio”, concluiu – atualmente, o Vaticano abriga três famílias de refugiados sírios.
O contexto da missa do Papa pelos novos mártires é bastante significativo por diversos fatores, a começar pelo aniversário de quatro anos do sequestro dos bispos ortodoxos Boulos Yazigi e Gregorios Ibrahim, em Aleppo, na Síria. Até hoje não se sabe o destino dos dois religiosos.
Além disso, falta menos de uma semana para a visita de Bergoglio ao Egito, que terá um forte caráter ecumênico e de aproximação com outras denominações cristãs, principalmente a Igreja Copta, bastante tradicional na nação africana. A homilia ainda contou com a presença de Roselyn, irmã do padre Jacques Hamel, degolado por jihadistas em uma paróquia no norte da França.
A viagem do Papa ao Egito está cercada de preocupações de segurança, já que ocorrerá menos de um mês após o Estado Islâmico (EI) ter assassinado mais de 30 pessoas em duas igrejas coptas no país. (ANSA)