Há um ano e sete meses pai mora em hospital para cuidar da filha com distrofia muscular

Entre os vários leitos do Hospital da Criança, encontra-se um que acomoda Radassa Vitória Souza da Silva. Com dois anos de idade, completados em 20 de março deste ano, Radassa estaria, provavelmente, brincando, chorando e tendo experiências semelhantes às crianças de sua idade. Isto é, se não fosse pelo diagnóstico de distrofia muscular que destinou a criança à internação.


Com apenas cinco meses de idade, a ação da doença genética impediu que Radassa pudesse ficar longe dos leitos hospitalares. Há um ano e sete meses ela tornou-se residente do hospital. Devido à distrofia muscular, os movimentos e o desenvolvimento dos músculos da criança foram comprometidos. Ela não consegue respirar nem se alimentar sem o auxílio de aparelhos e sondas.


Além da equipe médica, o único apoio de Radassa é o pai, Alan da Silva, que enfrenta uma verdadeira prova de amor pela filha. Atualmente com 23 anos, Alan relatou que quando conheceu a mãe de Radassa ele tinha 16 anos e ela 14 anos. “Foi um relacionamento que aconteceu de maneira rápida. Quando eu percebi já estávamos morando juntos e as coisas foram acontecendo”, disse Alan.


Durante os anos em que estiveram juntos, passaram por moradias nos bairros Manoel Julião e Ilson Ribeiro. Além de Radassa, a relação do jovem casal também gerou outros dois filhos: um com três anos de idade e outro ainda bebê, com apenas 10 meses. Entretanto, divergências entre o casal culminaram com o fim do relacionamento.


“Chegou um momento em que nossa convivência se tornou um inferno e tivemos que nos separar. Mas o pior é o fato dela ter abandonado a própria filha. Além dos médicos e enfermeiros, só quem sabe do que a Radassa precisa e necessita sou eu”, desabafou Alan.
Mesmo sendo difícil de imaginar, essa dedicação para cuidar da filha veio com um preço. Há um ano e 10 meses o pai de Radassa precisou deixar o emprego que tinha como funcionário de serviços gerais na Universidade Federal do Acre (Ufac) para ficar no hospital acompanhando a criança.


De acordo com Alan, essa situação deixou marcas que ele tenta curar pelo bem da filha: “Eu passei por um processo difícil. Um filho já demanda muito amor e esforço, mas quando acontecem situações assim, é impossível não se abalar. Passei por depressão e hoje tenho acompanhamento psicológico toda semana para não me abalar”.


Alan também relatou que não recebe nenhum auxílio financeiro para ajudar Radassa, e que está prestes a enfrentar outra batalha: a luta pela guarda de seus filhos: “Se tudo der certo, este mês entrarei com o pedido para a guarda exclusiva de meus três filhos.” Todavia, a boa intenção do pai pode sofrer nas decisões judiciais por dois motivos: a falta de renda e a falta de moradia, já que Alan reside em tempo integral no leito da filha.


“Se eu chegar a conhecer outra pessoa que irá enfrentar uma situação como a minha, eu vou recomendar muita fé e força. Graças a Deus meu caminho está sendo construído por muitas pessoas boas, e isso fez toda a diferença. Eu só quero que Deus tire de mim esse ódio que estou sentindo pela mãe dela, por tê-la abandonado. Nunca tive medo, mas agora tenho medo de perder minha filha”. Com informações Astorige Carneiro



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