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Filha de Temer é a favor do aborto e da legalização das drogas

A filha do presidente Michel Temer, Luciana Temer, defendeu a legalização do aborto, das drogas e da prostituição em uma entrevista para a revista Marie Clare publicada nesta sexta-feira (28). À frente do Instituto Liberta, que combate a exploração sexual de crianças, a advogada, que iniciou a carreira como delegada da mulher, falou sobre a sua trajetória e as diferenças ideológicas em relação ao pai.


Luciana ficou conhecida durante o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. A advogada chamou a atenção da mídia por trabalhar com o então prefeito de São Paulo, o petista Fernando Haddad, e por afirmar que o impeachment não era bom para a democracia.


Aos 47 anos, Luciana tem dois filhos, Pedro, de 16, e Marina, de 14. A advogada dá aulas de direito na PUC e na Uninove, ambas em São Paulo, além de comandar o Instituto Liberta, criado em janeiro deste ano.


Luciana contou que aceitou o convite de Haddad para trabalhar com ele na prefeitura, mas o seu pai precisou ser consultado. A princípio, Temer preferiu mantê-la longe da política e mais especificamente do PT, mas cedeu aos apelos da filha.


“Fui até a casa dele e perguntei o porquê daquilo (de dizer que Luciana não poderia atuar com Haddad). Ele disse que eu apanharia muito por ser sua filha. Respondi: ‘Enquanto você viver, estarei nessa posição. Eu aguento. Você aguenta?’.” O pai acabou recuando.


Luciana contou que estava na prefeitura durante o processo de impeachment, em que o PMDB rompeu com o governo e foi alvo de ataques. “Foi difícil, mas meu pai e o Haddad me apoiaram.” Desde então, ela tem ajudado os filhos a lidar com os ataques dirigidos ao avô.


Quando questionada se é a favor da legalização do aborto, Luciana disse que sim, pois “essas hipocrisias sociais precisam ser rompidas. Ele é a quarta causa de mortalidade materna no Brasil”, explicou. “E são as classes menos favorecidas que pagam o preço”, completou a advogada.


Sobre o polêmico discurso do presidente no dia das mulheres, quando ele ressaltou o papel feminino na criação dos filhos e na percepção da oscilação dos preços no supermercado, Luciana disse que este não era o discurso que queria ouvir, mas explicou a intenção do pai:


É o discurso que eu gostaria de ouvir no Dia Internacional da Mulher? Não. Mas é o que ele acredita e falou para muitas mulheres que vivem dessa forma. Até hoje fala: ‘Sou grato porque sua mãe criou muito bem vocês’. Também me dizia que a Procuradoria do Estado é uma ótima carreira porque é meio período. Na lógica dele, você tem que se fortalecer profissionalmente, mas também cuidar dos filhos. Mas é importante dizer que sempre me incentivou a ser independente financeiramente.”


Luciana, que trabalhou com Haddad no programa De Braços Abertos, com usuários de crack, também defendeu a legalização das drogas. “A proibição já deu errado. Nos últimos dez anos, dobramos o sistema prisional brasileiro. O causador disso foi o tráfico de entorpecentes, que passou de quarto para primeiro motivo de prisões. Quem vai preso? O preto, o pobre, o da periferia, a mulher que levou droga pro marido. Mais de 75% das prisões não são de inteligência, são feitas pela Polícia Militar: é o menino que é abordado ali e é preso”, explicou.


A filha de Temer assumiu na entrevista, inclusive, já ter experimentado maconha. “Já experimentei maconha quando era jovem. Não gosto, não faço apologia do uso. Mas, se legalizar, fica mais fácil de lidar com a situação”, justificou.


Luciana definiu o momento que ouve um “Fora, Temer” como “desconfortável”. “Uma vez, eu estava fazendo uma plenária com o Had­dad e uma líder comunitária subiu no palco e falou: ‘Não aguento, sou vermelha desde criancinha. Fora, Temer!’. Eu estava no palco. Ficou um silêncio. Peguei o microfone e falei: ‘Mas não eu, tá?’. Todo mundo riu. Não é pessoal, não é contra mim”, disse.


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