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Bactéria que matou adolescente no ES pode levar a óbito em poucos dias

A Bactéria Staphylococcus Aureus Resistente à Meticilina (MRSA é a sigla em inglês), que matou a adolescente Lara Furno, na véspera de completar 15 anos, se manifestada de forma grave no organismo, pode levar à morte em poucos dias, segundo o infectologista Aloísio Falqueto.


Lara foi levada ao hospital pela família por três vezes em um período de menos de uma semana. Nas duas primeiras internações, ela foi diagnosticada com rinite e bronquite, respectivamente. Mas, ao dar entrada na unidade pela terceira vez, teve uma infecção generalizada, sofreu duas paradas cardíacas e não resistiu.


O infectologista explicou que a bactéria da espécie Staphylococcus Aureus é muito comum e está presente na mucosa nasal de aproximadamente 30% da população. Já a Staphylococcus Aureus Resistente à Meticilina (MRSA) – que é uma variante genética da espécie – é mais rara, podendo ser encontrada na mucosa nasal de cerca de 2% das pessoas sadias, sem causar doença; no entanto, pode causar efeitos graves no organismo de algumas pessoas.


“Dependendo da característica genética da pessoa, além de outros fatores pouco conhecidos, ela invade a corrente sanguínea, e pode se manifestar da forma grave, que pode ser a septicemia – infecção generalizada – ou broncopneumonia”, explicou.


A infecção pela bactéria também pode se manifestar de forma considerada “leve”. “Na forma comum, os sinais são furúnculos, feridas, úlceras na pele, e também celulite, é uma inflamação do tecido subcutâneo”, disse.


Falqueto alerta, por exemplo, que essas feridas podem ser uma via de acesso da bactéria à corrente sanguínea. Por isso, é importante evitar espremer espinhas e furúnculos, por exemplo. “Se, ao espremer uma espinha, o pus que contém a bactéria entrar em contato com a corrente, ela poderá causar os efeitos mais graves”.


O infectologista explicou também que, assim como aconteceu com Lara, a forma grave de manifestação da infecção pela bactéria pode levar à morte em pouco tempo. “É rápido, às vezes com três, quatro dias, quando a bactéria cai no sangue, pode ser fatal”, disse.


Falqueto disse que ainda não é possível identificar por que algumas pessoas desenvolvem a forma grave da infecção e outras não. “São casualidades que a gente não consegue definir na medicina”, explicou.
Outro fato é que a variante genética da bactéria resistente à Meticilina era rara na década de 1960, quando foi produzido o antibiótico; na ocasião, era considerada uma bactéria típica de ambiente hospitalar. Mas nas últimas décadas tem aumentado muito sua frequência em pessoas da comunidade, sem relação com ambientes de hospital.


Morte
Segundo a família, Lara começou a passar mal uma semana antes da morte. No domingo (26), ela foi levada à uma unidade da Unimed, diagnosticada com rinite e voltou para casa.


Na madrugada de quinta-feira (30), a adolescente não conseguia respirar e teve que voltar para o hospital. “A médica deu diagnóstico de bronquite e mandou ela embora para casa de novo”, lembra o irmão, Felipe Furno.


Na quinta-feira (30) pela manhã, Lara foi para a aula no Centro Educacional Primeiro Mundo, em Vitória, mas passou mal e voltou para casa. À noite, o irmão, que é estudante de medicina, constatou uma piora no quadro dela.


“Vi que a Lara estava com a frequência e batimentos cardíacos acelerados. Ela começou a ficar com as pontas dos dedos roxos, porque não conseguia oxigenar. Fomos correndo com ela para a Unimed. Os médicos já a entubaram e sedaram. O caso era muito grave”, disse Felipe.


No sábado (1), ela teve a primeira parada cardíaca. E, no domingo (2), sofreu uma nova parada, e não resistiu.


Unimed
Em nota, a Unimed Vitória informou que a paciente deu entrada no pronto-socorro do Hospital Unimed na madrugada do dia 31 em estado grave, sendo encaminhada para Unidade de Terapia Intensiva.


A equipe do HU deu toda assistência necessária para o quadro apresentado e seguiu todos os protocolos clínicos no atendimento à paciente, que veio a óbito na madrugada de domingo, dia 2.


A cooperativa esclareceu ainda que quadros clínicos só podem ser divulgados com autorização da família.


G1


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