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Governo tenta reduzir impactos da operação ‘Carne Fraca’ no mercado

PF investiga envolvimento de fiscais do Ministério da Agricultura em esquema fiscalização irregular de frigoríficos. Temer convocou duas reuniões para este domingo para tratar da operação
O Governo trabalha para reduzir os impactos da operação “Carne Fraca” no mercado interno e externo. A União Europeia e os Estados Unidos pediram informações. Neste sábado (18), técnicos e diretores do Ministério da Agricultura fizeram várias reuniões.


Amanhã, o presidente Michel Temer vai se reunir, no Palácio do Planalto, para discutir o assunto com o ministro da Agricultura, Blairo Maggi. Segundo informou o Ministério da Agricultura, a reunião servirá para “adotar novas medidas que tragam maior segurança à população e também ao consumidor do mercado externo em função da Operação Carne Fraca”.


O encontro terá a participação dos presidentes da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne, Antonio Camardelli, da Associação Brasileira da Proteína Animal, Francisco Turra, além do presidente da Confederação Nacional da Agricultura, João Martins.


O ministério afirmou ainda que na segunda-feira (20) haverá outra reunião no Palácio do Planalto, com o presidente Temer, o ministro Blairo Maggi e embaixadores de países importadores de carne brasileira.


O Brasil é o segundo maior produtor de carne bovina do mundo e o maior exportador. O setor vendeu para mais de 150 países no ano passado e agora se preocupa com os impactos negativos do esquema de venda de carne adulterada, revelado pela Polícia Federal.


A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne Bovina (Abiec) divulgou nota informando que nenhuma unidade de carne bovina dos 29 associados foi citada na denúncia e que segue as normas e padrões nacionais e internacionais de segurança para produção e venda tanto ao mercado interno quanto externo.
A Associação Brasileira de Proteina Animal também divulgou nota destacando que o Brasil é reconhecido internacionalmente pela qualidade dos produtos, que são auditados não só por órgãos brasileiros, mas também por técnicos dos países que importam nossa carne.


A agência de notícias Reuters divulgou reportagem informando que o serviço de segurança e inspeção de alimentos do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos está em contato com o governo brasileiro, monitorando a situação, e lembrou que toda carne que entra nos Estados Unidos passa por uma reinspeção.


O dia seguinte à operação


Técnicos do Ministério da Agricultura passaram a manhã deste sábado em reuniões. A União Europeia (UE) pediu oficialmente informações ao governo brasileiro sobre a operação da Polícia Federal.


Representantes da UE solicitaram, inlclusive, uma reunião com a pasta para tratar sobre o assunto. O encontro está marcado para a manhã da próxima segunda-feira (20).


Representantes de outros países também entraram em contato, querem saber a dimensão do problema e o que as autoridades brasileiras estão fazendo.


O governo está trabalhando para tentar reduzir o impacto causado pelos fatos revelados nas exportações brasileiras e também para tranquilizar a população sobre a qualidade da carne que chega à casa dos brasileiros.


Vai divulgar uma nota técnica para os países que importam carne do Brasil, informando que o problema foi pontual, só tres unidades foram interditadas e o Ministério da Agricultura está tomando providências.


Medidas do ministério


O secretário-executivo do Ministério da Agricultura disse ontem que o governo vem adotando mudanças para evitar o tipo de fraude detectada.


“Primeiro, eu preciso aqui reforçar o seguinte, o sistema de vigilância hoje sanitário do Brasil é um sistema consolidado e robusto e aprovado por inspeções internacionais, ou seja, o nosso sistema funciona. Agora, nenhum sistema está livre de má índole”, afirmou.


O secretário disse que o consumidor pode confiar no selo SIF (serviço de inspeção federal) nos produtos. “O selo SIF, quando se encontra nos produtos comestíveis, significa que a população pode ter tranquilidade de estar consumindo um produto atestado. Se houver incongruências, nós estamos prontos pra agir e ele precisa saber que o ministério tem essa diposição de fazê-lo.”


Sistema ‘robusto’


O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse neste sábado em Cuiabá (MT) que os problemas apontados na operação da Polícia Federal foram pontuais e que a carne produzida no Brasil pode ser consumida sem riscos.


“Nosso sistema de fiscalização ele é forte, ele é robusto e ele é serio. O que aconteceu foi desvio de alguns servidores de algumas empresas. Nós temos que discutir como é que isso aconteceu, mas eu posso garantir com toda tranquilidade que eu não deixarei de consumir, recomendo que você não deixe porque não há risco nenhum”, afirmou.


“Os três SIFs que foram diretamente denunciados já houve o pedido da interdição dessas três unidades, elas já não podem mais expedir. E nós estamos fazendo o acompanhamento de quando a operação policial aconteceu, se essa mercadoria ainda está nos frigoríficos ou se ela está em trânsito ou se está nos supermercados, mas penso eu que se essas mercadorias ou essa fiscalização aconteceu há mais de dez dias, penso eu, que muito provavelmente ela não estará mais nos supermercados, ela já foi consumida”, acrescentou.


As ações do governo


O Ministério da Agricultura vai mandar também funcionários do departamento jurídico para Curitiba.Quer obter os laudos que comprovariam a adulteração de produtos como carnes de aves e embutidos dos três frigoríficos que foram fechados na sexta e também ter acesso, se existirem, aos laudos dos outros 21 frigoríficos que estão sob investigação e, segundo o ministério, até agora não foram encaminhadas provas de práticas ilícitas relacionadas aos produtos que eles vendem.


Ministério critica forma de divulgar operação


O secretário executivo, Eumar Novacki, afirmou que o ministério apoia a investigação, a operação, mas há uma grande preocupação com a forma como ela foi divulgada.


Novacki disse que não se pode criar um alarme geral como foi feito ontem, que não se pode condenar um sistema de fiscalização que tem mais de 11 mil funcionários, pela má conduta de 33 deles. E que as provas apresentadas até o momento não indicam um problema generalizado no setor de carnes.


Nisso, o discurso está alinhado com a avaliação do Palácio do Planalto. Assessores diretos do presidente Michel Temer também falaram reservadamente dessa mesma preocupação. Com informações G1


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