Apenas uma semana após a deflagração da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, o setor de carnes contabiliza perdas de mais de US$ 130 milhões. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), ligada aos setores de aves e suínos, estima uma perda com exportações de US$ 40 milhões até a sexta-feira. Já o setor de carne bovina, representado pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), embora não tenha um número fechado, estima que pelo menos US$ 96 milhões em produtos prontos para a exportação estejam parados no Porto de Santos (SP), impedidas de seguir para o exterior.
Em entrevista ao Broadcast Agro, sistema de notícias em tempo real da Agência Estado, o presidente executivo da ABPA, Francisco Turra, afirma que a primeira semana da Operação Carne Fraca foi de “impacto muito forte” para o setor. “Virou um momento muito dramático, nunca vi igual, e com dificuldades de se reverter”, diz. “A solução não demandará uma semana ou uma simples palavra oficial.
Tudo o que deixar de ser exportado não tem espaço para ser absorvido (internamente). Então, tem de diminuir produção e reduzir empregos, o que já começa a ocorrer”, afirma.
Na semana passada, a JBS, por exemplo, anunciou a suspensão da produção de carne bovina em 33 de suas 36 unidades no Brasil, e informou que, quando retomar as atividades, a partir de amanhã, as fábricas vão operar com um corte de 35% na produção. Segundo a empresa, isso seria feito para ajustar a produção à demanda em queda.
Absurdo. Com o bloqueio de vários países às importações de carnes brasileiras, os embarques praticamente ficaram paralisados. O próprio Ministério da Agricultura estimou que a queda chega a mais de 90%. “É uma coisa absurda”, afirmou o ministro Blairo Maggi.
O ministro acredita que as exportações poderão ser regularizadas num prazo entre uma semana e 15 dias. Ainda assim, o prejuízo já ocorreu. No mínimo, os frigoríficos perderam de uma semana a 15 dias nos volumes de produção que haviam programado para este ano. Maggi estimou durante a semana que as perdas com exportações de carne poderiam chegar a US$ 1,5 bilhão, se a crise não for solucionada rapidamente.
Para tentar reverter a situação, o próprio ministro vem trabalhando com a Abiec e a ABPA em busca de estratégias. Uma delas, segundo o presidente da Abiec, Antônio Jorge Camardelli, seria uma missão brasileira aos países que suspenderam as compras da carne brasileira. “A primeira visita, que possivelmente contará com Maggi, seria à China (que ontem anunciou que retomará as importações, exceto dos 21 frigoríficos investigados na Carne Fraca), e depois Hong Kong e Argélia, “importante mercado para o Brasil e que vinha ampliando significativamente as compras desde janeiro”, disse Camardelli.
As vendas de carnes têm peso importante dentro da economia brasileira. No ano passado, responderam por 7,5% do total das exportações do País, com um impacto aproximado de 0,8% do PIB. Por isso, são grandes as preocupações de que essa crise se prolongue por mais tempo. (Colaboraram Maria Regina Silva e Lu Aiko Otta). (Com informações do Estadão Conteúdo.