192882c8aaa53f9b4e234a4553bdad21

O que é o agente VX, a arma de destruição em massa que matou meio-irmão do líder norte-coreano

A Malásia informou que a substância usada para matar Kim Jong-nam, o meio-irmão do líder norte-coreano Kim Jong-un, foi identificada como o agente neurotóxico VX.


Altamente tóxica, a substância é classificada como arma de destruição em massa pela Organização das Nações Unidas (ONU).


Kim Jong-nam, de 45 anos, foi assassinado no Aeroporto de Kuala Lumpur, na Malásia, em 13 de fevereiro, depois que duas mulheres teriam lançado a substância tóxica no seu rosto. Veja abaixo algumas respostas a perguntas sobre o agente.


O que é VX?


Trata-se do mais potente agente químico de guerra conhecido – cerca de 100 vezes mais poderoso do que o gás sarin.
“O VX é uma arma química extraordinariamente poderosa”, afirma Bruce Bennett, especialista em armas do instituto de pesquisa Rand Corporation dos Estados Unidos.
Segundo ele, basta que 0,01 grama (ou seja, menos de uma gota) entre em contato com a pele para matar uma pessoa.


Confira suas principais características:


É um líquido límpido, de cor âmbar, oleoso, insípido e inodoro – o que o torna difícil de ser detectado
Age penetrando a pele e interrompendo a transmissão de impulsos nervosos, causando convulsões musculares; a morte é causada por asfixia ou parada cardíaca.


Enquanto uma gota sobre a pele pode matar em questão de minutos, doses menores podem causar dor ocular, visão turva, sonolência e vômito


Pode ser disseminado por spray ou vapor quando usado como arma química, ou utilizado para contaminar água, alimentos e produtos agrícolas. Pode ser absorvido pelo corpo por inalação, ingestão, contato com a pele ou com os olhos. Roupas podem carregar o VX por cerca de 30 minutos após o contato com o vapor, podendo expor outras pessoas.


Seu nome químico é S-2 Diisoprophylaminoethyl methylphosphonothiolate, banido pela Convenção de Armas Químicas, de 1993, o que significa que as nações signatárias não podem fabricá-lo e devem destruir seus estoques
Já foi usado antes?


Somente a Rússia e os Estados Unidos admitiram ter estoques de VX, mas acredita-se que outros países também possuam.


Cindy Vestergaard, especialista em armas químicas e membro do centro de estudos Stimson Center, afirma que “definitivamente o Iraque produziu VX” durante a década de 1980, mas não há evidências que confirmem seu uso.
Em 1969, 23 soldados e um civil foram enviados ao hospital após o vazamento do agente nervoso VX, armazenado em uma base militar norte-americana em Okinawa, no Japão.


O caso gerou grande repercussão, disse Vestergaard à BBC, fazendo com que os Estados Unidos “declarassem publicamente que tinham estoques de produtos químicos no exterior”. Segundo ela, se a causa da morte de Kim for confirmada, será o primeiro caso em que o VX é usado para assassinato.


A Coreia do Norte produz VX?


A Coreia do Norte, o Egito e o Sudão do Sul são os únicos países da ONU que não assinaram a Convenção de Armas Químicas – que proíbe sua produção e uso.


O Ministério da Defesa da Coreia do Sul documentou em 2014 que o Norte tinha começado a produzir armas químicas na década de 1980 e que, segundo estimativas, teria entre 2.500 e 5.000 toneladas em estoque.


A Coreia do Norte possui instalações de produção de armas químicas em oito regiões, incluindo o porto de Chongjin, no nordeste do país, e a cidade de Sinuiju, no noroeste, segundo a edição de 2012 do documento.


Como o VX chegou à Malásia?


Segundo Bennett, como a quantidade necessária para matar uma é pessoa muito pequena, o VX pode ter entrado na Malásia dentro de algum objeto, como uma caneta.


“É pouco provável que o VX tenha sido fabricado na Malásia”, acrescentou o especialista. “Não é algo que possa ser feito de forma segura na banheira de casa”.


Bennett também trabalha com a possibilidade de que o produto tenha sido comprado pela Coreia do Norte de um terceiro país.


“É preciso uma análise laboratorial sofisticada para distingui-los. Embora talvez já tenha sido feita”, disse.


Quem fez o ataque a Kim Jong-nam?


As imagens das câmeras de segurança do aeroporto mostram uma mulher se aproximando de Kim Jong-nam e jogando um líquido no seu rosto. Em seguida, uma outra mulher o aborda por trás e cobre seu rosto com um lenço.
De acordo com Bennett, devido à consistência oleosa do VX, é provável que o primeiro líquido lançado tenha sido uma mera distração, enquanto a substância tóxica devia estar no lenço.


“Mas isso não é algo fácil de conseguir”, afirma. “Os autores do ataque devem ter praticado antes para que a gota atingisse Kim Jong-nam e não quem estava carregando o lenço”, acrescenta. Nesse sentido, a suspeita é de que o ataque foi “planejado” e de que as mulheres foram “bem treinadas”.
A Malásia afirma que foi claramente um ataque de norte-coreanos.


Quatro pessoas estão sob custódia, incluindo um norte-coreano e as duas mulheres que interagiram com a vítima no aeroporto. Sete norte-coreanos estão sendo procurados, incluindo um alto funcionário da embaixada norte-coreana em Kuala Lumpur e um funcionário da companhia aérea estatal Air Koryo.


Kim Jong-nam era o filho mais velho do falecido líder Kim Jong-il e, portanto, era considerado por alguns como o sucessor natural para liderar o regime comunista norte-coreano, um dos mais fechados do mundo.


Ele teria fugido da Coreia do Norte depois de ter sido preterido em detrimento do meio-irmão, Kim Jong-un, que acabou assumindo o poder, em 2011. Ele viajava com um passaporte com o nome de Kim Chol quando foi assassinado. A Coreia do Norte ainda precisa confirmar, no entanto, que o corpo é realmente de Kim Jong-nam.


Como foi a reação de Pyongyang?


No que parece ser a primeira referência ao caso na imprensa estatal norte-coreana, Pyongyang informou na quinta-feira que a Malásia é responsável pela morte de um dos seus cidadãos.


Também acusou o país de tentar politizar o repatriamento do corpo, classificando como “absurdo” o pedido de amostras de DNA para confirmar a identidade de Kim Jong-nam.


O corpo da vítima permanece no necrotério de um hospital em Kuala Lumpur.


Compartilhar

Facebook
Twitter
WhatsApp
LinkedIn

Últimas Notícias