Com a gravidade da violência no Estado, muitos policiais, principalmente os que moram em bairros periféricos de Rio Branco, temem pela segurança dos seus familiares que ficam maior parte do tempo em casa enquanto estes estão no combate à criminalidade.
“Nós somos preparados para lhe dar com situações de crime e com quem o comete, mas a nossa família não. Estamos armados 24h e treinados para qualquer situação, mas quando saímos do convívio familiar para trabalhar e garantir a segurança da população, nossa família corre muitos riscos. Vários colegas já receberam ameaças contra seus familiares, de que suas rotinas estavam sendo vigiadas, dando a entender que a qualquer momento algo de ruim lhe acontecer com eles”, revelou um policial que preferiu não se identificar.
A reportagem procurou o presidente da Associação do Militares do Acre (AME), Joelson Dias, que falou não entender o fato de o Estado insistir em dizer que a situação está sob controle.
“Não está sob controle, o crime pode dar um tempo de dois ou três dias, mas bastaram as três mortes de criminosos nesta segunda-feira [13] que já tivemos um ônibus queimado. O secretário de segurança perdeu o controle há muito tempo, nós não temos qualquer tipo de plano emergencial. Prova disso é que durante aqueles atentados que ocorrerem no final do ano passado a polícia teve que utilizar armamentos do Exército e carros de outras secretarias, porque a nossa instituição não tem o suficiente”, desabafou.
Quanto ao temor dos policiais por conta da segurança de seus familiares, Joelson afirma que a categoria sempre foi corajosa, aguerrida e que sempre cumpriu seu papel com destemor. Mas o fato é que a integridade de seus familiares tem sido uma preocupação para o policial acreano.
“O policial não tem medo de bandido ou de facção, o que mais nos afeta não é um bandido chegar a nos ameaçar, mas aquilo que eles estão dispostos a fazer com um filho, esposa ou qualquer outra pessoa desprotegida que tenha ligação com um policial. E com a fragilidade da lei, onde a Polícia prende e a Justiça solta, dando um fôlego mais aos meliantes, é claro que o policial militar vai se sentir receoso”, completou.
Joelson falou que no Acre existe ainda um déficit no efetivo da Polícia Militar, pois segundo ele, o Estado necessita de 4.734 policiais para atender as demandas da segurança, no entanto, atualmente a corporação conta com apenas 2.518 militares para todo o estado, um número considerado insuficiente para o setor. Com informações ALAMARA BARROS