Diz a máxima que depois da tempestade vem a bonança. O destino, com seus mistérios insondáveis, parece ter invertido essa lógica quando se trata do Partido dos Trabalhadores. Acuado por denúncias de corrupção, desfalcado de figuras proeminentes que agora envergam uniformes listrados e ameaçado pela Justiça, o partido passou a ser associado à roubalheira que antes condenava com a indignação dos injuriados.
No Acre, excetuados alguns detalhes, a realidade se assemelha no que diz respeito à decisão de quem será o candidato a sucessor do governador Tião Viana. Ventilam-se nomes aos quatro ventos, numa clara demonstração de que, por enquanto, não há nenhum.
Fala-se por aí que o prefeito de Rio Branco, Marcus Alexandre, poderia ser escalado para a tarefa. Razões pessoais tenho de sobra para desconfiar dessa alternativa. Marcus ganhou vida própria, desvinculou-se da sigla, mostrou-se habilidoso na arte da política e conseguiu se reeleger num momento em que o PT caminhava para o abismo da ojeriza popular.
Apostar em seu nome para suceder os Viana é inferir que ele, vencendo a eleição, teria tudo para enterrar – pelo menos em parte – o espólio político dos criadores. Um risco que os Viana, creio, que gostariam de correr.
Quanto ao deputado Ney Amorim, presidente da Assembleia Legislativa do Acre, que agora é visto colado ao governador Tião Viana, há quem aposte (eu incluído) numa derrota vergonhosa caso disputasse a eleição estadual. A Amorim faltam carisma e projeção estadual.
No que diz respeito à vice-governadora Nazareth Araújo, com todo respeito, evito aqui comentários sobre a sua inviabilidade eleitoral.
A profusão, portanto, de hipóteses e conjeturas – saídas quase todas do gabinete do governo petista – nada mais é do que a admissão de que lhe faltam, ao que tudo indica, um nome capaz de enfrentar nas urnas o senador Gladson Cameli (PP) nas eleições de 2018.
Quanto a Gladson, ele está em estado de graça. As picuinhas políticas nos partidos de oposição e as disputas renhidas entre os postulantes ao Senado não lhe afetam as chances de reunir, pela primeira vez desde que o PT chegou ao governo, todos os partidos em torno de sua almejada candidatura.
Tudo indica que Gladson é o nome que aglutina. Voa, como dizem os aeronautas, em céu de brigadeiro.
Enquanto isso, do outro o tempo anda pra lá de carregado. (AC 24 Horas)