Imagina receber um contive para lanchar em um lugar conhecido popularmente como “Bactérias”? Com quase três décadas de história, o “Leo Lanches” – nome verdadeiro – é ponto de encontro dos acreanos no Centro de Rio Branco. O principal atrativo, na verdade, são os salgados baratos – apenas R$ 1 em tempos de crise.
Eliomar Bezerra, de 51 anos, dono do Bactérias, lembra que se interessou pelo ramo quando morava ainda em Xapuri, no interior do estado. Frequentava uma lanchonete na cidade e, aos poucos, foi aprendendo como o negócio funcionava. Resolveu vender tudo o que tinha, se mudou para a capital acreana e, no dia 26 de dezembro de 1989, tentou a sorte.
O primeiro endereço foi o Mercado dos Colonos, às margens do Rio Acre, também no Centro. O nome sempre foi Leo Lanches, mas, a partir de 1993, o local começou a ganhar fama entre estudantes através do apelido. No entanto, ao contrário do que pode remeter, o emprego do “bactérias” não tem nada a ver com higiene.
“Foi coisa de alunos. Eles que começaram esse negócio. Um dia, eu vi um grupo conversando e marcando para se encontrar no ‘Bactérias’. Fiquei preocupado e perguntei. Me disseram que é porque passa de pessoa para pessoa, porque um vai chamando o outro. Eu brinquei dizendo que o que contamina mais é vírus, mas o nome pegou e não tem problema”, explica.
Com orgulho, Bezerra fala que conseguiu sustentar e dar qualidade de vida para toda família. Casado com Laurete Lopes, de 42 anos, os dois têm um casal de filhos. “Meu primeiro filho fez 26 anos. Ele nasceu aqui dentro e, desde muito cedo, por conta dele mesmo, se interessou pelo negócio. Conseguimos criar toda a nossa família”, diz.
‘A crise até nos ajudou’, revela empresário.
Os efeitos da tão falada crise do país foram inversos para o Bactérias, de acordo com Bezerra. Ele diz que, desde que resolveu iniciar o trabalho, o objetivo sempre foi unir bom preço e qualidade. A solução para manter isso foi, muitas vezes, segurar as rédeas durante períodos de entressafras para não alterar os valores.
“Sempre tivemos tradição em vender barato. Tinha que ser barato e bom. Para conseguir, tive que ganhar na compra e não pensar só no lucro da venda. Compramos um volume grande para conseguir um preço melhor e ganhar no volume de venda. Quando vejo que um produto aumentou, me sacrifico, sei que vai passar a entressafra, só para não mexer no preço”, fala.
A média, segundo o empresário, é que pelo menos 2 mil salgados são vendidos diariamente. Dependendo da época, chega a 4 mil. Além dos tradicionais quibes de arroz, coxinha e pastel, a lanchonete também aposta em refrigerantes, sucos e alguns tipos de vitaminas. Todo o cardápio comercializado a preços populares.
“Mesmo com a crise, estamos com a venda normal. Ainda dá para trabalharmos com esses preços baixos. Acho que, em partes, a crise até nos ajudou, porque se existe a crise e a pessoa está com pouco dinheiro, a melhor opção seria vir até aqui. Caiu muito pouco o nosso volume de vendas”, ressalta.
Para o futuro, o acreano afirma que o desejo é manter a tradição, caso os filhos decidam tocar o empreendimento. “Minha esposa está desde o começo atrás do balcão. Meu filho tem vontade de assumir. Se ele quiser mesmo, vamos entregar. Seria interessante darmos continuidade. Acho que, nessa região do Centro, somos o lugar mais antigo”, finaliza. (G1 Acre)