As críticas direcionadas a ex-ministra iniciaram em 2013 com sua filiação ao PSB para compor a chapa que concorria à Presidência da República, capitaneada pelo ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que morreu em acidente aéreo, em 2014, em São Paulo. Marina Silva assumiu a cabeça da chapa, chegou a aparecer na preferência do eleitorado, mas terminou a campanha em terceiro lugar.
Em 2016, um grupo de intelectuais divulgou uma carta aberta com críticas à Rede e protagonizaram uma revoada do partido de Marina Silva. Eles reclamavam da falta de diálogo da ex-senadora pelo Acre, sobre temas políticos em debate no país. De acordo com os apoiadores da ex-senadora acreana, “a sociedade brasileira não sabe o que pensa a Rede, nem consegue situá-la no espectro político-ideológico”.
Os dissidentes da Rede chegaram a comparar o partido com o PMDB, afirmando que a agremiação estaria seguindo o que seria conveniente politicamente para Marina, deixando de se posicionar claramente sobre temas importantes como reformas trabalhista, previdenciária e fiscal; aborto; desmilitarização das polícias; política econômica, entre outros debatidos pela classe política brasileira.
Segundo os intelectuais, “a Rede tem se estruturado sobre um vazio de posicionamentos políticos. Inicialmente, imaginávamos que esta lacuna poderia ser explicada pela fragilidade do próprio partido, pela inexperiência de grande parte de seus dirigentes e militantes e pela enorme diversidade interna que demandaria um processo cuidadoso de construção de “consensos progressivos”.
Agora, no inicia de 2017, mais um intelectual que acreditou na nova forma de fazer política de Marina Silva, praticamente abandonou o barco. Em entrevista ao Congresso em Foco, o Doutor em Economia pela Universidade de Cambridge (Inglaterra), Eduardo Giannetti, 59 anos, disse que Marina precisa decidir se “é uma líder de movimento, na linha do Gandhi, do Luther King, ou se é candidata a chefe do Executivo”.
Para Giannetti, qualquer dos caminhos é relevante e aceitável, afirma ele, mas seguir um deles implica necessariamente abandonar o outro. Se o objetivo é se eleger presidente, argumenta, é preciso maior clareza na definição de propostas e maior ênfase na formação de alianças. Ele revela divergir da líder da Rede Sustentabilidade em diversos temas, entre eles, a PEC do teto dos gastos públicos.
Ele não concorda com a proposta de antecipar as eleições, que é defendida por Marina Silva. “Eu não tenho opinião formada sobre isso, mas me parece temerário e até perigoso antecipar eleições. Não gosto de mexer na Constituição nessa matéria. Se o quadro se deteriorar ainda mais, o que talvez vá acontecer, talvez se torne um recurso extremo, em último caso”, defendendo o que é previsto na ordem constitucional.
O desgaste de Marina Silva na esfera partidária poderá refletir em uma possível candidatura à Presidência da República. Os apoiadores da ex-senadora afirmam que ela tem se esquivado em definir e defender suas propostas com nitidez, permanecendo em cima do muro quanto a assuntos espinhosos e que possam gerar desgaste político perante a opinião pública.
A ex-senadora acreana aparece mais uma vez como o coelho que puxa a corrida presidência, ocupando as primeiras colocações em algumas pesquisas realizadas até o momento, mas permanece como gigantesco ponto de interrogação para os empresários brasileiros que esperam saber quais as propostas de desenvolvimento para o país, dentro do projeto que tem como bandeira a preservação ambiental.